Seguidamente a mídia divulga notícias envolvendo jovens em fatos estarrecedores que causam extrema preocupação. Resumidamente, alguns exemplos: um rapaz morto e seis internados em hospitais depois de um concurso para ver quem ingeria maior volume de bebida alcoólica; trotes universitários onde calouros são obrigados a consumir álcool, além de abusos e aberrações; torcidas organizadas que vão aos estádios com a única finalidade de ataque a adversários, inclusive com uso de arma de fogo; álcool, drogas, sexo, promiscuidade, ruptura das convenções sociais, desobediência aos pais, enfrentamento (até físico) a professores em sala de aula; provocação e desacato a autoridades, especialmente policiais. Além de todas as ocorrências criminais no campus de universidades com a USP.
Afinal, o que está acontecendo com os jovens brasileiros? A internet, ou mais propriamente as redes sociais, tem algo a ver comisso? Pode ser, embora seja moderno meio de comunicação e relacionamentos desenvolvido para o bem. Todo instrumento pode ser usado para o bem e para o mal, dependendo da mente de quem utiliza.
É inegável que as redes sociais facilitam o relacionamento, com positivo ou negativo propósito. Mocinhas se encantam e marcam encontros com figuras virtuais que acabam sendo figuras mortais; gangues programam e marcam locais de brigas; torcidas de futebol são convocadas via internet para confrontos violentos; e muito mais.
Preocupante é que os jovens estão obcecados pela facilidade virtual. Pesquisa do Ibope diz que 95% de brasileiros entre 15 e 33 anos com acesso à internet se consideram viciados em tecnologia. Há até um neologismo, nomofobia, para designar a fobia de pessoas quando não conseguem se conectar. O fenômeno, que começou na Europa e nos EUA, já chegou ao Brasil.
Tenho defendido a necessidade de se trabalhar melhor com a juventude já a partir do ambiente escolar no sentido de despertar e incutir conceitos de responsabilidade cívica e social na formação de nossos futuros cidadãos. É viável, e agora se constata que necessário, implantar no currículo do ensino médio matéria de formação cidadã. O jovem deve estar preparado para sua inserção social, com efetivo discernimento de seus limites de direitos e deveres dentro da sociedade em que vive, e que mais tarde lhe caberá gerenciar, por isso a ela não pode chegar alienado.
Houve época de muito menor perspectiva, de futuro mais incerto e o comportamento não chegou a declinar a este nível. Talvez seja a ‘modernidade’ na visão jovem, o que é preocupante. É oportuno se pensar nestes temas para correção de rumo e de foco da nossa juventude, que é inteligente e por natureza de boa índole e sadios propósitos.

Luiz Carlos Borges da Silveira é empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal