A arbitragem no futebol brasileiro sempre foi um capítulo à parte. Todos os anos são incontáveis os erros que por muitas vezes decidem partidas, mudam o rumo de várias competições importantes. Enfim, podem ser decisivos na conquista de títulos por uma ou outra equipe. Tais falhas trazem como resultado reclamações de jogadores dentro de campo, dos técnicos fora dele, dos dirigentes nos bastidores, sem contar a tristeza e irritação dos torcedores.
É preciso entender que os erros fazem parte do jogo. É conduzido por um ser humano, o qual, mesmo tendo muita competência, é incapaz de monitorar sozinho todos os lances de uma partida.

Por esses motivos, há uma discussão interminável sobre a necessidade de se promover a profissionalização daqueles que são amadores dentro de um esporte que movimenta uma fábula de dinheiro e é muito profissional. Também é necessário avaliar a entrada da tecnologia no futebol.
No entanto, por vezes, chamam a nossa atenção o desleixo de alguns árbitros na condução das partidas. Eles cometem erros gritantes em lances de fáceis interpretações e, assim, deixam margem para comentários maledicentes.
Por exemplo, um estudo publicado pelo Correio Braziliense, em 2014, diz que existe uma forte tendência de os árbitros errarem em beneficio dos times mandantes. Dos 53 erros analisados, 70% foram marcados para times que jogavam nos seus domínios. Então, eles (os árbitros) são submetidos às pressões, ou seja, são árbitros caseiros.

Aqui no Paraná, quase todos os anos temos polêmicas de arbitragens. Felizmente, neste ano, poucos foram os erros. Mas, para não passar incólume nesse campeonato, no primeiro jogo da semifinal, em Londrina, entre Londrina e Coritiba tivemos muitos erros. Um em especial chamou atenção por ter feito a diferença no resultado final da partida. Foi pênalti claro no Negueba e o arbitro Selmo dos Anjos não marcou. Assim, confirmou o estudo do jornal. Se tivéssemos o recurso da tecnologia, obviamente esse tipo de erro seria evitado.
Aliás, os erros deste ano foram em favor do Londrina. Muito diferente dos erros ocorridos no mesmo Estádio do Café, em 2013. Naquela oportunidade o Coritiba foi beneficiado e contrariou o estudo feito pelo jornal.
Mas o que me causou surpresa foi o fato de o presidente da comissão de arbitragem, Afonso Vitor de Oliveira, ao ser questionado sobre o erro do árbitro, fazer a seguinte declaração: eu ainda não vi o lance. Ora, como pode um presidente de comissão de arbitragem, na hora de um jogo tão importante como era esse em questão, não estar presente no estádio? Ou pelo menos estar em frente à televisão e ligado no jogo para analisar o trio de arbitragem?
Meus amigos, para estar à frente de um cargo como esse é preciso gostar do que faz. Além disso, é dever de ofício estar atento a todas as ações dos envolvidos. É profundamente lamentável essa ausência. Churrasco é bom, mas não na hora de um jogo decisivo.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo