GIULIANA VALLONE, ENVIADA ESPECIAL
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O crescimento mundial continua moderado e com perspectivas desiguais, diz o comunicado final do encontro do IMFC (Comitê Monetário e Financeiro Internacional) do FMI, em Washington, divulgado neste sábado (18).
“A possibilidade de crescimento potencial menor está se tornado um desafio mais relevante no médio prazo. Desequilíbrios globais foram reduzidos em comparação com os anos anteriores, mas uma nova readequação da demanda ainda é necessária”, diz o texto.
Segundo o comunicado, o crescimento nas economias avançadas deve se fortalecer, refletindo uma recuperação sólida em algumas e expectativas melhores em outras.
“Nos países emergentes, que ainda são responsáveis pela maior parte do crescimento global, a atividade econômica está desacelerando em alguns casos, refletindo menores preços de commodities e exportações, além de fatores específicos em cada um deles.”
O Comitê afirma que os riscos ainda persistem e cita “grandes mudanças em taxas de câmbio e nos preços de ativos, inflação abaixo da meta em alguns países, preocupações com a estabilidade financeira, altos índices de endividamento público e tensões geopolíticas” como fatores que merecem atenção.
A queda nos preços do petróleo, embora prejudique algumas economias, tem efeito líquido positivo para o crescimento global, afirma.
Com a aproximação da alta de juros pelos Estados Unidos, estimada para ocorrer ainda neste ano, os membros do IMFC alertam ser essencial que haja cuidados para “evitar efeitos colaterais.”
Para a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, há um esforço claro do Fed (Federal Reserve, o banco-central dos EUA) para comunicar as decisões e ajudar as economias a anteciparem o movimento de elevação.
“A presidente [do Fed] Janet Yellen foi muito explícita sobre o fato de que não ser paciente não quer dizer ser impaciente”, afirmou, em referência à exclusão do termo “paciente” do comunicado da última reunião da autoridade monetária americana -que significava que não haveria alta da taxa nos dois encontros seguintes.
“Para as economias emergentes, há diferentes ferramentas que podem ser usadas pelas autoridades monetárias e fiscais para responder à volatilidade resultante dessa normalização gradual da política monetária do Fed”, disse Lagarde em entrevista coletiva.
Os mercados aguardam com ansiedade a decisão do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) sobre um aumento da taxa de juros norte-americana, que está entre zero e 0,25% desde 2008.
A expectativa de aumento nos juros dos EUA tem reflexos no Brasil, principalmente no mercado de câmbio. A alta das taxas tende a atrair recursos financeiros para o mercado norte-americano e afugentá-los de países emergentes. A consequência é uma valorização do dólar.