BRUNO BOGHOSSIAN UNA, BA (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso declarou neste domingo (19) que o Brasil deveria protestar contra as violações de liberdades de opositores na Venezuela e as ações do grupo jihadista Estado Islâmico. FHC, que integra uma comissão para atuar em prol de prisioneiros políticos venezuelanos, fez uma declaração de repulsa formal “aos arbítrios da Venezuela” e cobrou a libertação de oposicionistas ao regime do presidente Nicolás Maduro, como Leopoldo López e Antonio Ledezma. “Na Venezuela, tem gente sendo presa arbitrariamente. Nós temos que protestar”, disse o ex-presidente durante seminário ao lado de outros políticos do continente no Fórum de Comandatuba, no sul da Bahia. Mais cedo, FHC havia dito que a política externa do governo Dilma Rousseff levou a um “encolhimento” da dimensão diplomática do Brasil. O tucano cobrou ainda uma posição crítica do Brasil em relação aos sequestros e mortes de autoria do Estado Islâmico. “Estão cortando cabeças e colocando na TV. Nós temos que protestar. Não vamos negociar com quem corta cabeça”, afirmou FHC, em referência indireta ao discurso em que Dilma lamentou na ONU o bombardeio dos EUA a alvos do Estado Islâmico na Síria e defendeu o “diálogo”. O ex-presidente cobrou ainda um realinhamento diplomático do Brasil. “Nós temos lado e estamos perdendo esse lado, que não é dizer ‘amém’ a tudo o que dizem os Estados Unidos, mas temos que ter valores e não ficar no lusco-fusco”, afirmou FHC. Outros ex-presidentes latino-americanos que participaram do seminário fizeram coro com FHC. O boliviano Jorge Quiroga (2001-2002) declarou que as atitudes do governo da Venezuela “é uma ameaça para os venezuelanos” e que uma censura do Brasil aos acontecimentos do país terá valor. “Este governo venezuelano busca manter o regime tolhendo a liberdade de expressão e perseguindo a oposição. Imagine se a presidente Dilma pede para o presidente da Câmara prender Aécio Neves e levá-lo a um quartel militar. É isso o que acontece na Venezuela”, disse Quiroga. O mexicano Vicente Fox (2000-2006) pediu que os países da América Latina trabalhem por uma democracia mais harmoniosa, “que escute mais seu opositor e não apenas o desnudem e o ataque”. *O repórter viajou a convite do 14º Fórum de Comandatuba.