MÁRCIO FALCÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A força-tarefa montada para a Operação Zelotes, que investiga fraudes nos julgamentos do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), vai analisar a quebra de 43 sigilos bancários de investigados.
A varredura também abrange 2.300 horas de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, 230 mil e-mails, além de documentos apreendidos em 41 residências e escritórios de consultorias.
A Operação Zelotes, deflagrada pela Polícia Federal, no mês passado, desarticulou um suposto esquema de pagamento de propina a conselheiros do Carf, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda responsável por julgar, em segunda instância, recursos a autuações aplicadas pela Receita Federal.
Os dados da operação foram informados pelo procurador da República Frederico Paiva, responsável pele caso, ao Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Ele solicitou seu afastamento temporário de uma função extra que ocupa no 6º ofício de combate à corrupção, criado pela Procuradoria Geral da República para garantir celeridade a processos de corrupção. O pedido foi aprovado.
Paiva cuidará da força-tarefa criada pelo conselho há duas semanas para acompanhar a Zelotes. O despacho do procurador não traz detalhes de quais são os alvos das quebras de sigilo.
Segundo a investigação, credores da União -a maioria formada por grandes empresas- subornavam integrantes do Carf. Em contrapartida, de acordo com a PF, os conselheiros manipulavam os processos com o objetivo de reduzir e, em alguns casos, até zerar as multas aplicadas.
A Polícia Federal estima que o suposto esquema tenha causado prejuízos de aproximadamente R$ 6 bilhões aos cofres públicos. O montante equivale a três vezes o valor desviado da Petrobras, descoberto na Operação Lava Jato e divulgado pelo Ministério Público Federal em janeiro (R$ 2,1 bilhões).