GRACILIANO ROCHA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Executivos da Camargo Corrêa vão depor, como testemunhas de acusação, na ação penal contra o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Em despacho emitido nesta segunda (20), o juiz da 13ª vara federal de Curitiba, Sergio Moro, estabeleceu para o dia 18 de maio os depoimentos do presidente, Dalton Avancini, e do vice-presidente da empreiteira, Eduardo Hermelino Leite, no curso de uma ação penal em que o dirigente petista se tornou réu sob acusações de corrupção e lavagem de dinheiro. Outras 26 pessoas são acusadas no mesmo processo.

Os executivos assinaram acordos de delação premiada. Em depoimento à Polícia Federal em março, Avancini afirmou ter sido procurado, em 2010, por Vaccari, com um pedido de doação oficial de R$ 10 milhões para o PT para ser descontado da propina devida por contratos na diretoria de Serviços da Petrobras, controlada por Renato Duque (também preso). Já Leite admitiu que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina para fechar contratos com a Petrobras entre 2007 e 2012. Desse montante, a diretoria de Serviços levou R$ 63 milhões, e a de Abastecimento, comandada por Paulo Roberto Costa, ficou com R$ 47 milhões, segundo ele.

Vaccari foi preso na última quarta (15) e logo depois afastou-se da tesouraria do PT. Além das acusações de corrupção e lavagem, o petista também é investigado por formação de quadrilha em um inquérito que corre no STF (Supremo Tribunal Federal). Na semana passada, o advogado do petista, Luiz Flávio Borges D’Urso, refutou a argumentação da Procuradoria que doações legais foi uma das formas de lavar dinheiro proveniente das propinas na Petrobras. “O sr. Vaccari repudia as referências feitas por criminosos delatores a seu respeito, pois as mesmas não correspondem à verdade. Ele não recebeu ou solicitou qualquer contribuição de origem ilícita destinada ao PT e todas as doações ocorreram por via bancária, com transparência e com a devida prestação de contas às autoridades competentes”, escreveu o defensor.