A greve dos caminhoneiros, deflagrada na madrugada desta quinta-feira (23), é marcada por protestos em rodovias federais e estaduais no Paraná. Segundo informações da Polícia Militar (PM) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), por volta das 15h30 de hoje eram setembro os pontos de protesto, com quatro rodovias parcialmente paralisadas e outras três sem interdição.

De acordo com a PM, são três os pontos com paralisação parcial (só passam veículos de emergência e de passeio). São eles: PR 092, em Itaperuçu, na altura do quilômetro 27; PR 487, em Manoel Ribas, na altura do quilômetro 296; e a PR 466, em Pitanga, no quilômetro 180.

A PRF também informou sobre outros quatro pontos de protesto. Na BR 376, em Marialva, os manifestantes bloquearam uma pista em cada sentido na altura do quilômetro 186 e estão liberando apenas a passagem de veículos de passeio e de emergência. Já os outros três pontos não possuem interdição.

Na BR 277, em Medianeira, os manifestantes estão no quilômetro 667 e direcionam os caminhões para o pátio de um postos de combustíveis. O mesmo acontece ainda no quilômetro 452 da via, em Laranjeiras do Sul, e no quilômetro 7 da BR 163, em Barracão.

Em outros estados

Além do Paraná, na manhã desta quinta-feira os caminhoneiros bloquearam estradas em outros quatro estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso so Sul.

No Rio Grande do Sul, caminhoneiros bloquearam os dois sentidos da BR-286, no km 246, próximo ao trevo de entrada a cidade de Soledade (RS), por volta da 0h desta quinta-feira (23). Os manifestantes não permitem a passagem de caminhões com carga pelo local, de acordo com a PRF. Outro grupo incendiou pneus no acostamento da rodovia BR-101, no km 22, em Três Cachoeiras (RS), no final da noite de quarta-feira (22).

O protesto não interditou a rodovia. Pneus também foram incendiados no acostamento da rodovia BR-285, próximo ao km 485, em Ijuí (RS), por volta das 21h30 de quarta. Nenhum suspeito foi preso. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o fogo se concentrou no acostamento e não houve interrupção do trânsito no trecho. Os bombeiros foram ao local e apagaram rapidamente o fogo.

A PRF suspeita que os pneus tenham sido incendiados por caminhoneiros que tinham prometido retomar os protestos. Nos últimos protestos da categoria, realizados em fevereiro, eles promoveram vários atos com queima de pneus. Desde as 7h30, caminhoneiros bloqueiam também a rodovia RSC-287, no km 67, próximo ao município de Venâncio Aires, segundo o comando rodoviário da Brigada Militar do Estado.

Já em Santa Catarina, cerca de 20 caminhoneiros tentaram bloquear a rodovia BR-282, próximo ao km 642, em São Miguel do Oeste (SC), por volta das 2h. A PRF conversou com os manifestantes que liberaram a rodovia e se concentraram em um posto de combustível. Meia hora antes, outro grupo tentou bloquear a rodovia BR-153, no km 64. Novamente, os policiais rodoviários conversaram com os manifestantes, que liberaram a via.

Governo

Na reunião desta quarta (22), Rossetto tentou explicar aos caminhoneiros que o governo considerava que a tabela de frete mínimo, que criaria um valor mínimo para o pagamento do transporte de carga, seria inconstitucional e não funcionaria. Para tentar convencer os caminhoneiros a não anunciar o movimento, Rossetto apresentou reivindicações dos caminhoneiros que foram atendidas desde a greve, como a postergação do pagamento de dívidas, ofereceu a tabela referencial e uma “mesa permanente de negociação com os empresários” para melhorar o preço do frete. Vários caminhoneiros rasgaram a proposta na frente do ministro e, aos gritos, deixaram o encontro dizendo que estavam sendo “pedalados” pelo governo -referindo-se a manobras do governo nas contas públicas.

“Desde o começo eles estavam avisados que a principal reivindicação é a tabela mínima de frete. Esperávamos mais coerência deles sobre essa impossibilidade. É sempre em benefício de políticos e grandes grupos. A (tabela) referencial não aceitamos de jeito nenhum”, disse Diego Mendes, caminhoneiro autônomo na região do Nordeste. Segundo Mendes, havia até o dia anterior à reunião uma tendência do governo de fazer a tabela mínima por um período e que, se fosse o caso, as empresas entrariam na Justiça para derrubar a medida.

Ao fim da reunião, Rossetto convocou uma entrevista coletiva para tentar explicar a posição do governo. Ele afirmou que o governo estudou muito o assunto e considerou que, além de inconstitucional, uma tabela mínima seria impraticável. “Há uma enorme diferenciação na atividade que torna impraticável uma tabela impositiva”, disse Rossetto.

Segundo ele, o governo está seguro que a tabela referencial cria uma base para melhor distribuir a renda na atividade. Para ele, a maioria dos caminhoneiros reconhece as conquistas alcançadas após a greve e só houve desacordo sobre esse ponto. Perguntado sobre o que seria feito se houvesse greve, o ministro afirmou: “Acreditamos que as medidas estão sendo compreendidas pelos caminhoneiros. Achamos que haverá um grande, amplo apoio da categoria [ao que o governo fez]. Estamos seguros da aceitação por parte da categoria. Vamos aguardar”, disse Rossetto.