LEANDRO COLON LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) – Depois de triplicar a verba para resgates no mar Mediterrâneo, a União Europeia anunciou que vai dobrar o fundo de assistência de emergência para Itália, Grécia e Malta, principais destinos dos barcos com imigrantes ilegais. Segundo a Comissão Europeia, o valor agora será de 50 milhões de euros por ano. O dinheiro servirá para investimentos em centros de recepção a essas pessoas, auxílio médico e contratação de especialistas no atendimento, entre outras coisas. Na quinta-feira (23), sob pressão após o naufrágio de um barco com pelo menos 850 pessoas no Mediterrâneo, o bloco decidiu triplicar a verba da operação Triton, lançada ao mar em novembro em substituição à Mare Nostrum, até então comandada só pelo governo italiano. Comandada pela agência Frontex e com o suporte de 21 países, a Triton terá orçamento de 9 milhões de euros mensais, mesmo patamar da Mare Nostrum, considerada por entidades de direitos humanos muito mais eficaz para salvar os imigrantes que fazem a travessia clandestina do continente africano para a Europa. Além da reação da UE, a ONU deve em breve anunciar uma resolução sobre o tema. Segundo relato do embaixador francês no órgão, Francois Delatre, o Conselho de Segurança está trabalhando em cima do caso. Os líderes europeus reagiram depois de recentes naufrágios no Mediterrâneo -um com 850 pessoas e outros dois somando 450. Só neste ano, 35 mil pessoas tentaram fazer a travessia -1.750 teriam morrido. Em 2014, o número de imigrantes cruzando o mar foi de 218 mil, mais de quatro vezes em relação ao ano anterior. Um dos principais desafios das autoridades é conter a partida desses imigrantes a partir da Líbia, um país em distúrbio político e origem de 90% dessas embarcações clandestinas. O diálogo europeu com as autoridades locais praticamente inexiste, e o governo italiano já descartou, por ora, qualquer discussão sobre uma eventual intervenção militar na região. Estima-se que ao menos 500 mil pessoas, a maioria da África subsaariana, estejam em território líbio à espera de embarque para a Europa. Segundo a UE, navios de guerra britânicos e alemães vão atuar no resgate no Mediterrâneo a partir de agora. O tema acirrou o debate eleitoral no Reino Unido. O líder trabalhista e candidato da oposição a primeiro-ministro, Ed Miliband, acusou o premiê David Cameron de falhar no combate à tragédia no Mediterrâneo. Ele disse que o conservador não soube agir com liderança na condução para o controle da situação política na Líbia após a queda de Muammar Gaddafi, em 2011. Cameron reagiu afirmando que o adversário fez um julgamento errado sobre o assunto.