MÁRCIO FALCÃO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A defesa da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB-MA) acusa procuradores que atuam nas investigações do esquema de corrupção da Petrobras de direcionar falas do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e de editar os termos de sua delação premiada. As alegações constam de recurso apresentado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Nele, os advogados pedem o arquivamento do inquérito contra a peemedebista que apura seu envolvimento com o escândalo de desvios e pagamento de propina na estatal. Após analisar os vídeos dos depoimentos de Paulo Roberto, a defesa afirma que os procuradores “parecem adotar uma postura de inquirição que, na ótica da defesa, […] buscam conduzir a oitiva com sugestões de respostas e complementos de frases, raciocínios e esclarecimentos, além de questionar repetidamente sobre determinados pontos até que o depoente faça afirmações que melhor atendam ao interesse da versão acusatória”. O recurso afirma ainda que os representantes do MP “sugerem que o depoente simplesmente ratifique depoimentos prestados anteriormente, quando da adesão aos termos da delação e não reproduzem fielmente as afirmações do depoente, tampouco retratam suas manifestações de insegurança e/ou falta de convicção sobre determinados pontos fundamentais.” Em sua delação, Paulo Roberto Costa afirmou que mandou entregar R$ 2 milhões a Roseana Sarney para a campanha ao governo do Maranhão em 2010. Os advogados dizem que o vídeo do depoimento mostra outra versão da fala do delator e que os procuradores insistiram mais de quatro vezes para tentar forçar a acusação, que teria base nos primeiros depoimentos do ex-diretor. “Ocorre que ao se assistir o vídeo e fazer a leitura da de gravação que deu origem ao referido depoimento, constata-se que o depoente não fez tal afirmação.” Para os advogados, a intenção do MP era “fazer crer que Roseana teria de alguma forma concorrido para os supostos delitos sob apuração, na desesperada tentativa de buscar algum indício de autoria ou participação que justificasse a apuração em desfavor” da ex-governadora.