SAMY ADGHIRNI
CARACAS, VENEZUELA (FOLHAPRESS) – O Ministério Público (MP) da Venezuela pediu nesta sexta-feira (24) a um tribunal que permita ao prefeito metropolitano de Caracas, o opositor Antonio Ledezma, sair da prisão onde se encontra para receber tratamento médico e se recuperar em casa.
A medida foi anunciada em comunicado oficial, depois que Ledezma, atingido por uma hérnia inguinal, foi examinado por médicos do governo.
Não está claro se a medida representa uma mudança definitiva para um regime de prisão domiciliar para Ledezma, detido desde fevereiro na prisão militar de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, sob acusação de envolvimento em planos golpistas.
Até as 23h desta sexta (horário de Brasília), ainda não havia resposta do tribunal, mas é dado como certo que a permissão será concedida rapidamente.
“Ele será operado para tratar da mesma hérnia inguinal pela qual ele já havia sido operado há alguns meses e que corre sério de complicar-se”, disse à Folha Victor Ledezma, filho do prefeito metropolitano.
“Esperamos que [as autoridades] realmente o deixem em casa enquanto ele se recupera. Por mais que tenham anunciado, com eles nunca se sabe”, afirmou.
“O que buscamos é a liberdade plena porque nunca houve crime”, disse Victor, ecoando exigência formulada pelo twitter por várias figuras da oposição, como o governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, e a deputada cassada Maria Corina Machado.
Eleito em 2008 e reeleito em 2013 para a prefeitura metropolitana, que engloba cinco municípios de Caracas, Ledezma foi levado de seu escritório por agentes de inteligência no dia 19 de fevereiro.
Ele foi formalmente acusado pelos crimes de conspiração e formação de quadrilha.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse reiteradas vezes na TV que Ledezma esteve envolvido em tentativas de golpe de Estado desbaratadas pelos serviços de segurança.
A defesa diz que as acusações são infundadas e que não há provas convincentes da suposta conspiração.
Ledezma encontra-se no mesmo presídio onde estão detidos outros políticos opositores, entre eles Leopoldo López, ex-prefeito do município Chacao (parte de Caracas).
López é acusado de incentivar os violentos protestos estudantis de 2014 que, segundo o governo, pretendiam semear o caos antes de um golpe de Estado apoiado pelos EUA.
As detenções de Ledezma e López geraram repúdio de vários governos e ONGs internacionais. Até mesmo o Brasil, acusado por críticos de ser leniente com abusos da Venezuela, vinha cobrando mais moderação por parte de Maduro.
Especula-se que a Venezuela pode conceder regime de prisão domiciliar a Ledezma para tentar aliviar a pressão internacional.