SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma série de novos tremores atingiram o Nepal neste domingo (26), aumentando o pânico na capital, Katmandu, e atrapalhando os esforços de resgate, também afetados pela chuva forte.
O número de mortos em razão do terremoto de magnitude 7,8, ocorrido no sábado (25), é de mais de 3.600 –incluindo 18 na avalanche no Everest. Na Índia, o balanço de mortos chega a 61. O número de feridos no Nepal é de 6.538.
Muitas das ruas foram transformadas em abrigos improvisados com bambu e lençóis para dezenas de milhares de pessoas que tiveram suas casas destruídas ou estavam com medo de voltar diante da mais de cem réplicas, a maior delas de magnitude 6,7.
A estratégia foi endossada pelo governo. Na noite deste domingo (horário local), funcionários alertaram, com alto-falantes nas ruas, que não é seguro dormir em casa.
“Quase todo mundo dormiu do lado de fora”, disse o coordenador da ONG Care International, Santosh Sharma, destacando que a falta de abrigos combinada à chuva forte pode transformar a tragédia em catástrofe humanitária.
NO ESCURO
O fornecimento de eletricidade é intermitente em Katmandu e quase inexistente em outras partes do Nepal. Água potável também é escassa em parte da capital.
Devido às réplicas, o aeroporto da cidade foi fechado várias vezes durante o dia, dificultando a chegada de ajuda e a saída dos estrangeiros.
A comunicação por telefone ainda é precária e muitos não conseguem contato com parentes em outras vilas. O Itamaraty tinha conseguido localizar, até a 0h desta segunda, 60 dos 79 brasileiros de que se têm notícia no país.
Equipes de resgate passaram o domingo cavando pelos destroços de prédios em busca de sobreviventes. Com o ar carregado de pó branco de concreto, muitos usavam máscaras para cobrir o rosto.
Os EUA enviaram equipes de resgate ao país, além de US$ 1 milhão. A China enviou times com cães farejadores. Reino Unido, Índia, Sri Lanka, Japão, Rússia e a União Europeia prometeram doações.
CORPOS CREMADOS
Em outros pontos da cidade, era fumaça branca que cobria o cenário, oriunda dos centenas de corpos cremados durante todo o dia. O ritual é tradição da religião hindu, que é majoritária no país.
“Eu vi centenas de corpos queimarem. Eu nunca pensei que veria tantos”, disse Rajendra Dhungana, 34, no Templo Pashuputi Nath.
A ONU alertou que os hospitais do vale do Katmandu, área mais populosa do país, estão lotados e ficando sem suprimentos médicos ou espaço para abrigar os corpos.
Em Dhading, uma maca abriga até três pacientes e muitos são atendidos no estacionamento. Militares indianos trouxeram feridos, mas as operações foram paralisadas devido ao mau tempo.
A maioria das lojas de Katmandu ficaram fechadas, apenas vendedores de frutas e farmácias abriram as portas. “Eles não podem cozinhar, então precisam de algo que possam comer cru”, disse o vendedor Shyam Jaiswal.
No Everest, helicópteros retiraram parte dos alpinistas atingidos pela avalanche. No domingo, novos tremores causaram deslizamentos menores e prejudicaram o resgate.