BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O estoque da dívida pública federal avançou 4,8% no mês passado, para R$ 2,44 trilhões, informou nesta segunda-feira (27) o Tesouro Nacional. Esse é o maior salto mensal da dívida em cinco anos. Em abril de 2010, a variação foi de 6,02%. Essa conta representa a soma das dívidas contraídas pelo Tesouro para financiar os deficits no Orçamento -quando as despesas são maiores que as receitas. Essas dívidas são bancadas principalmente pela emissão de títulos públicos. O aumento registrado em março está relacionado à maior emissão de títulos da história, pontuou Fernando Garrido, coordenador-geral de operações da Dívida Pública. A emissão líquida no mês foi de R$ 70,2 bilhões, um recorde na série estatística iniciada em 1999. O estoque da dívida também cresceu em função da apropriação de R$ 41,4 bilhões de juros. Segundo Garrido, o aumento expressivo das emissões, e consequentemente do estoque da dívida, em março se explica por dois motivos -grande demanda por parte de investidores e muitos vencimentos de títulos no mês. “A demanda em março foi maior devido aos investidores acreditarem que as taxas estavam atrativas”, justificou Garrido, destacando instituições financeiras, Previdência e estrangeiros como os investidores que mais se interessaram pelos títulos no mês, sobretudo prefixados (com correção definida no momento do leilão). As taxas refletem a percepção dos investidores em relação à taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 12,75%, com tendência a aumentar, disse Garrido. “O Tesouro atua como um tomador de taxas. As taxas futuras refletem as expectativas dos investidores em relação à taxa Selic.” Garrido afirmou que o Tesouro deve reduzir as emissões mensais nos próximos meses. Em abril, esse movimento já foi menor, informou. Do total da dívida brasileira, R$ 2,31 trilhões são negociados em real, e R$ 124,7 bilhões em moedas estrangeiras, principalmente dólar americano, no mercado internacional (dívida externa). Em março, houve aumento no prazo médio de vencimento da dívida, que saiu de 4,54 anos em fevereiro para 4,59 anos -esse é o período médio que tem o governo para honrar seus credores. DETENTORES As instituições financeiras continuam as maiores detentoras de títulos da dívida pública brasileira, com 27,4% desses papéis. Em seguida, estão os credores estrangeiros, com participação de 20,27%, o que soma R$ 469,6 bilhões. Em números absolutos, é a maior participação estrangeira na dívida brasileira da história. Os fundos de investimento detém 19,8% dos títulos da dívida brasileira.