CLAUDIA ROLLI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pesquisa da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) mostra queda em abril, pela segunda vez consecutiva neste ano, na intenção das famílias de buscar financiamento nos próximos três meses. A retração foi de 19% em relação a março deste ano e de 7% em relação a abril de 2014.
Em março, esse indicador já havia caído 7,5% em relação ao mês anterior. Mas, em fevereiro deste ano, o índice havia subido 22% na comparação com janeiro de 2015.
Os dados constam da Prie (Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento), que identifica o interesse dos paulistanos em contrair crédito, além da evolução da proporção de famílias endividadas que possuem ou não aplicações financeiras usadas como garantia para cobrir dívidas.
Somente 9,5% das 2.200 famílias entrevistadas declararam que vão buscar crédito nos próximos 90 dias.
“O que temos notado é que o consumidor está ainda mais cauteloso. Curioso é que, mesmo tendo essa preocupação em não se endividar e gastos mais contidos, as famílias acabam obrigadas a buscar novos financiamentos para enfrentar basicamente os aumentos de preços que corroem o seu poder de compra e seu padrão de vida”, diz Vítor França, assessor econômico da Fecomercio-SP.
“Quando ele acaba recorrendo ao financiamento, mesmo inicialmente sem a intenção de fazê-lo, é para conseguir fechar o orçamento do mês, afetado pela inflação mais elevada e pela renda mais achatada”, completa França.
Na avaliação da federação, essa queda na busca por financiamento se explica porque “está mais difícil conseguir crédito, o orçamento doméstico vem sendo amplamente castigado por elevações de preços essenciais (alimentos, transporte, energia, entre outros) e as expectativas não são positivas ao menos no curto prazo”.
ENDIVIDAMENTO
O levantamento da Fecomercio aponta ainda que o índice de segurança de crédito (de todas as famílias endividadas ou não) subiu em abril 4,6% em relação ao mês anterior e 4,3% na comparação com abril domando anterior.
Já o índice de segurança de crédito na parcela dos não endividados passou de 90,9 pontos em março para 105,0 pontos em abril, o que representou alta de 15,6%. Em relação a abril de 2014, quando foi de 99,4 pontos, a elevação foi de 5,7%.
Nos dois primeiros meses do ano, os não endividados diminuíram suas reservas financeiras. Mas em março e abril houve recuperação, segundo os dados.
“Quem já estava endividado tem feito grande esforço para manter o orçamento em equilíbrio”, diz. O índice de segurança entre os endividados caiu 0,8% na comparação com março e subiu 3,8% em relação a abril do ano passado.
RESERVAS
O percentual de entrevistados que afirmou não ter aplicação financeira diminuiu de 58,4% em março para 56,5% em abril .
Já entre os 43,4% que informaram ter aplicações, sete em cada dez afirmaram possuir caderneta de poupança. Outros 11,6% têm investimentos em renda fixa e 5% possuem previdência privada.
De acordo com a Fecomercio, a tendência de longo prazo é a de manter a poupança como “a grande campeã” na escolha das famílias investidoras por causa da piora no cenário econômico.