Nos últimos dias, devido a erupção do vulcão chileno Calbuco, o crepúsculo adquiriu tonalidade puxada para o lilás ou púrpura, principalmente na região Sul e parte do Sudeste.

Depois que o sol se põe, por algum tempo, a cor do céu que chega aos nossos olhos é resultado de duas fontes, o azul do céu e da luz mais direta do sol. Explicando: o azul do céu é resultante do fenômeno de espalhamento da luz do sol pelas moléculas de oxigênio. Por ser uma molécula constituída de dois átomos, forma-se um dipolo, que vibra ao interagir com a luz e que a faz espalhar para todas as direções, espalhamento Rayleigh. A cor mais eficientemente espalhada é o azul por ter comprimento de onda menor. E como o ar está repleto destas moléculas, a luz azul espalhada chegam aos nossos olhos. Assim vemos o céu azul.

Mas o feixe de luz que vem do sol que está no horizonte, precisa atravessar uma espessura muito maior, e neste percurso, o espalhamento Rayleigh acaba removendo a luz com comprimento de onda mais curto, como o azul, restando as mais longas, de tom laranja e vermelho. A luz, ao caminhar próximo a superfície, encontram partículas em suspensão, muito maiores que uma molécula de oxigênio, que passa a espalhar então estas cores, preenchendo o horizonte. Trata-se de um outro espalhamento, o Mie, que não tem preferência pelo comprimento de onda como o espalhamento Rayleigh, mas que espalha não para todos os lados, e preferencialmente para a frente.

A cor do ocaso que estamos acostumados é resultante destas duas fontes de luminosidade, numa mistura que produz um degradé do azul para o laranja/vermelho, sendo que estas cores são mais fortes quanto mais aerossóis ou partículas em suspensão encontrar no caminho. A poluição, por colocar estes espalhadores na atmosfera, contribui para um entardecer mais vermelho ou laranja.

Quando um vulcão entra em erupção, além das cinzas, que deposita rapidamente pelo seu peso, são lançadas, junto com partículas finas, uma grande quantidade de gás dióxido de enxofre, que consegue alcançar a alta atmosfera. Pela sua afinidade com água, acabam formando moléculas de ácido sulfúrico, e que também se agregam, podendo formar aerossóis. O resultado da interação da luz solar com todo este material colocado na atmosfera é a redução de cores intermediárias, entre azul e laranja, as que ainda estavam junto com os de comprimento de onda maior. São principalmente a luz verde. É exatamente a ausência desta faixa de cores é que acaba produzindo o tom lilás ou púrpura no crepúsculo. E como estas partículas tendem a permanecer em suspensão por longo tempo, o fenômeno também tende a persistir.

As informações são do Climatempo.