SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Seis escritores convidados para o baile de gala da fundação PEN não são “Charlie”. Eles decidiram não participar mais do baile de gala da instituição, fundada em 1922 por literatos para proteger a liberdade de expressão, após a instituição ter decidido homenagear o jornal satírico “Charlie Hebdo” com o prêmio de coragem de liberdade de expressão.
Peter Carey, Michael Ondaatje, Francine Prose, Teju Cole, Rachel Kushner e Taiye Selasi desistiram de ir ao evento, marcado para 5 de maio no Museu de História Natural em Nova York. O prêmio será entregue durante a cerimônia a Gerard Biard, editor-chefe do “Charlie Hebdo”, e Jean-Baptiste Thoret, um funcionário do jornal que se atrasou para o trabalho em 7 de janeiro deste ano, quando aconteceu o ataque terrorista que deixou 12 mortos na sede da publicação.
Como justificativa, os autores disseram não concordar com as provocações ao islã promovidas pelo periódico. Rachel Kushner, autora de “Os Lança-Chamas” classificou o “Charlie Hebdo” de “culturalmente intolerante” por difundir uma “visão secular forçada”.
Presidente da PEN, Andrew Solomon afirmou ao “New York Times” no domingo que esses seis escritores foram os únicos a reconsiderarem o convite para o baile. O autor de “Longe da Árvore” disse estar ciente de que homenagear o “Charlie Hebdo” pudesse gerar controvérsias, mas não esperava que fosse gerar esse tipo de reação entre seus colegas.
O escritor Salman Rushdie, jurado de morte pelo Irã em 1989 por “Os Versos Satânicos”, usou seu perfil no Twitter para criticar os escritores que cancelaram a participação no baile da PEN. “O prêmio será oferecido. PEN se manterá firme. São apenas seis maricas. Seis autores em busca de um pouco de caráter.”