GUSTAVO URIBE E CÁTIA SEABRA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A senadora Marta Suplicy (PT-SP) enviou na manhã desta terça-feira (28) aos diretórios municipal, estadual e nacional do PT em São Paulo pedido formal de desfiliação do partido. Os documentos, que têm quatro páginas, foram entregues por representantes da senadora petista. A expectativa é que seja protocolado também nesta terça o pedido de desfiliação na Justiça Eleitoral de São Paulo. Na carta em que justifica sua saída do partido, a senadora ressalta que os princípios e o programa partidário do PT “nunca foram tão renegados pela própria agremiação, de forma reiterada e persistente”. Segundo a reportagem apurou, a senadora informou ao PSB que se filiará à legenda até o final de junho. Para ser candidata à Prefeitura de São Paulo em 2016, ela precisaria estar filiada a um partido até outubro, um ano antes da eleição municipal. A antecipação da decisão tem como objetivo dar mais tempo à senadora para articular uma candidatura competitiva, com o apoio de siglas como PPS, PV e Solidariedade. A filiação de Marta ao PSB conta com o apoio da cúpula nacional do partido, mas ainda encontra resistências entre lideranças da legenda em São Paulo. O receio é que, ao ser filiada, a petista transfira ao PSB parte da rejeição ao PT em São Paulo. Os petistas têm monitorado o ânimo da militância nos diretórios zonais diante dos ataques que a senadora tem feito ao governo federal. CRÍTICAS Marta vem fazendo diversas críticas públicas ao PT e ao governo federal. No dia 15 de abril, em sua conta no Facebook, afirmou que o Estado brasileiro “vem se portando como agiota” no caso da renegociação da dívida de Estados e municípios com a União. O governo federal quer jogar a mudança no indicador, que reduzirá o valor das dívidas, para 2016. “Tudo indica que teremos retração econômica, desemprego, demanda enorme de serviços públicos. O mínimo que podemos fazer pelas cidades e estados é garantir que o alívio da dívida aconteça este ano”, escreveu. Em março, um artigo da senadora em sua coluna na Folha de S.Paulo irritou petistas ao se referir ao ao escândalo da Petrobras como “roubalheira” e dizer que a presidente está reunindo as duas condições que levam “a vaca para o atoleiro”: “negação da realidade e trabalhar com a estratégia errada”. No artigo, a petista diz que tentar creditar a crise da Petrobras a FHC é “diversionismo”. Ela ainda chancela as acusações da oposição, em especial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), de que Dilma mentiu durante a campanha eleitoral para se reeleger. “Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população”, escreveu. No artigo, a petista afirmou que tentar creditar a crise da Petrobras a FHC é “diversionismo” e chancelou as acusações da oposição, em especial do senador Aécio Neves (PSDB-MG), de que Dilma mentiu durante a campanha eleitoral para se reeleger. “Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maioria da população”, escreveu. O artigo foi interpretado pelo PT como um passo na estratégia da senadora de se divorciar do partido e embarcar em outra sigla, o PSB, para concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2016. No começo do ano, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” ela disse que o PT, partido que ajudou a fundar, “ou muda ou acaba”.