GABRIELA GUERREIRO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em mais um capítulo da disputa entre a cúpula do Congresso, o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que não vai “rebaixar” a discussão entre as duas Casas Legislativas. O peemedebista reagiu ao ser questionado sobre a ameaça de aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de engavetarem propostas encabeçadas pelo Senado. “Eu não vou rebaixar a discussão Câmara-Senado a esse patamar. Não é isso, pelo menos, que os senadores querem”, disse Renan nesta terça-feira (28).

Os dois peemedebistas começaram a se desentender publicamente na semana passada, quando Renan sinalizou ser contra o projeto da terceirização aprovado na Câmara, indicando que a proposta não terá tramitação açodada no Senado. Principal responsável pela aprovação do projeto na Câmara, Cunha ameaçou, em reação, engavetar propostas vindas do Senado. Aliados do presidente da Câmara também se articulam para convocar um aliado do senador para depor na CPI da Petrobras.

A cúpula da comissão quer ouvir o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, afilhado de Renan que é apontado como elo do esquema na empresa, uma subsidiária da Petrobras responsável pelo armazenamento e pelo transporte de combustível. A ideia é aproveitar um depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, marcado para o próximo dia 5, para criar um pretexto que permita a convocação de Machado.

Renan e Cunha também são investigados por suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. Os processos foram abertos no início de março e são conduzidos em sigilo pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

DILMA

A presidente Dilma Rousseff orientou sua equipe a não tomar partido na disputa e a tentar acalmar os ânimos dentro do Congresso. Na semana passada, o Planalto escalou emissários para conversas com os dois lados. O temor é que, com o governo fraco, a guerra interna entre as duas figuras mais influentes do PMDB imponha mais derrotas à presidente.