Um dos principais legados da Copa do Mundo, os estádios acabaram se tornando uma verdadeira dor de cabeça (pelo menos no curto prazo). Para muitos clubes, acabou custando a saúde financeira. E agora, a concessionária Maracanã SA, companhia controlada pela Odebrecht, pretende cortar até 70% do investimento que se comprometeu a fazer no estádio – que foi pago com dinheiro público e entregue praticamente de graça para a empresa. Tais cortes seriam necessários para que a empresa finalmente passe a lucrar com a administração do estádio.

Quando assinou o contrato para assumir o controle do Maracanã, em 2013, a empresa se comprometeu a investir R$ 594 milhões em obras indicadas pelo governo. Agora, a concessionária conversa com o Estado para reduzir esse investimento a menos de R$ 180 milhões, menos de um terço do que foi acordado inicialmente. O valor foi revelado pelo secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, que coordena o trabalho de reavaliação da concessão

Tal trabalho teve início em janeiro, quando a empresa encaminhou ao Estado um estudo mostrando que os ganhos que ela tem com o Maracanã são inferiores aos planejados na concessão. Os maus resultados seriam culpa do próprio governo, que teria feito mudanças no contrato firmado com a companhia devido protestos deflagrados na época da privatização da administração do estádio – entre tais mudanças está o cancelamento da demolição do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Parque Aquático Julio Delamare, que virariam lojas e estacionamentos.

Sem as lojas e o estacionamento e obrigada a investir o mesmo valor em outras áreas do estádio, a empresa já acumula dois anos de prejuízos, algo que era esperado, mas ainda assim preocupa – chega a R$ 125 milhões e fontes da concessionária não acreditam em grande recuperação sem a exploração comercial do entorno do estádio. 

O governo já declarou concordar com os fundamentos para um reequilíbrio da concessão e agora avalia o que deve ser cortado das obrigações para que o acordo seja repactuado. A expectativa é que a decisão saia em maio, já que a Maracanã SA ainda precisa iniciar as reformas no Julio Delamare e no Maracanãzinho visando a Olimpíada de 2016.

Leia o posicionamento da Maracanã SA abaixo:

“A concessionária que administra o Maracanã reafirma seu interesse em manter o contrato de concessão e está confiante em chegar rapidamente a uma solução com o Poder Concedente, que já se mostrou sensível e está em fase final de avaliação do impacto gerado pela alteração unilateral com a não demolição do Célio de Barros, da Escola Municipal Friendenreich e do Parque Aquático Julio Delamare, e a consequentemente redução da área de contraprestação pública.”