SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma manifestação anti-racismo promovida por judeus etíopes no centro da capital de Israel, Tel Aviv, neste domingo (3) terminou em um conflito com a cavalaria que resultou em ao menos 20 policiais e um número similar de manifestantes feridos. O estopim do ato foi a divulgação, na última semana, do vídeo de uma câmera de circuito fechado que mostrou policiais espancando um soldado negro de origem etíope. Dois policiais foram suspensos e estão sendo investigados por uso excessivo da força. Os participantes do protesto viraram um carro da polícia e atiraram pedras e garrafas contra integrantes da tropa de choque da polícia israelense que estavam na praça Rabin, no coração da cidade. Os policiais usaram canhões d’água e bombas de efeito moral para dispersar a manifestação. Segundo a TV de Israel, também foram empregadas bombas de gás lacrimogêneo, informação que a polícia não confirmou. “Chega desse comportamento da polícia. Não confio mais neles. Quando vejo um policial, eu cuspo no chão”, declarou uma manifestante, que não se identificou, ao Canal 2 de Israel antes da intervenção da polícia montada. “Nossos pais foram humilhados por anos. Nós não estamos dispostos a esperar mais tempo para ser reconhecidos como cidadãos iguais”, afirmou outro dos participantes do protesto ao Canal 10. Dezenas de milhares de judeus etíopes foram levados a Israel em operações secretas nas décadas de 80 e 90, batizadas de “Operação Moisés” e “Operação Salomão”, para resgatá-los da fome e da instabilidade política na África. A comunidade etíope -cerca de 135 mil dos mais de 8 milhões de habitantes do país- queixa-se de discriminação e pobreza, agravadas por episódios de brutalidade policial como o registrado no vídeo. O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, pediu calma e prometeu conversar com o soldado e com ativistas etíopes nesta segunda-feira (4). “Todas as reclamações serão ouvidas, mas não há justificativa para o uso da violência”, disse Netanyahu.