Há seis anos aprendi a conviver um Dia das Mães sem a minha. Não é fácil, mas também já não é tão difícil como no começo. Talvez o fato de eu ser mãe alivie um pouco a dor da saudade, saudade de uma mãe presente, de uma mulher afetuosa, embora o olhar fosse um pouco blasè, mas de uma pessoa que não poupava dizer eu te amo a cada fim de telefonema.

E as filhas mulheres, creio eu, carregam no DNA aquilo que suas mães ensinaram. A tarefa não é fácil, a jornada é contínua e diária. Os valores, a educação, os modos coma de boca fechada, guarde seus brinquedos, tire a mão da boca, um sargento a colocar o exército filial em ordem, para estar minimamente pronto para a batalha da vida. Os velhões jargões mãe sempre sabe o que é melhor para você; leve um casaco; eu avisei. A audição e a visão aguçadas: e não adianta bufar; eu vi você mostrando a língua. Filhos não entendem como mãe faz isso se ela está de costas ou distante três cômodos de sua rebeldia. Talvez porque esqueçam que mães foram filhas também.

A cada dia me flagro mais parecida com a minha mãe: exigente, formando alguém com autonomia, mas preparando o prato preferido. O equilíbrio em exercer o papel maternal, protetor e o educacional. E percebo que, independente se estamos na era digital, se crianças são mais informadas, o básico é atemporal. A mãe que pauta seu filho na base dos princípios do respeito, amor ao próximo, saber falar e ouvir, ajudar ao próximo, fazer atividade física, se alimentar de forma saudável sem ser radical e explicar a simples matemática do bem e o mal, faz disso o verdadeiro exercício da maternidade: criar uma pessoa para o mundo. Sim, com direito a escolhas, mas com uma margem bem traçada.

Foi dessa forma que minha mãe me educou, assim como minha irmã e meu irmão, ambos mais novos. Diferentes personalidades, mas com o princípio do respeito e da independência. Sim, nós três somos difíceis de ser domados, mas levamos a lealdade a sério. Cada qual com seu nicho familiar, mas unidos e relembrando em flashes ditos, gestos e causos da Dona Rosa, essa mulher que com nome de flor era forte, solidária, rígida, e de muita, mas muita fé.

Beijos mãe! Prometo que vou aguentar!

 

* Ronise Vilela é jornalista e mãe. Sugestões de pauta podem ser enviadas para [email protected]