ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – Passada uma semana após a ação policial que deixou quase 200 feridos durante uma manifestação contra o governo do Paraná, a gestão de Beto Richa (PSDB) enfrenta uma crise aberta no primeiro escalão.
Na manhã desta quarta-feira (6), caiu o secretário da Educação, Fernando Xavier Ferreira, que lidava diretamente com os professores em greve, líderes da manifestação da semana passada.
Horas depois, veio a público uma carta do comandante-geral da PM, coronel Cesar Vinicius Kogut, em que repudia as declarações do secretário de Segurança, Fernando Francischini, a quem é subordinado -e que atribuiu a responsabilidade pela “terrível” operação à PM. A carta é endossada por outros oficiais da PM do Paraná e foi enviada ao governador na terça-feira (5).
Kogut era dado como nome certo a cair, especialmente após as declarações de Francischini. A cabeça do secretário, no entanto, também é cobrada por manifestantes e parte dos aliados de Richa. O governador ainda não se posicionou a respeito.
“Não se pode admitir que seja atribuída a tão nobre corporação a pecha de irresponsável ou leviana”, escreveu Kogut, na carta, divulgada nesta quarta (6). O coronel disse que Francischini “foi alertado inúmeras vezes” sobre a possibilidade de pessoas se ferirem na ação policial, e atribuiu a ele o comando da operação.
“Todas as ações foram tomadas segundo o plano de operações […] aprovado pelo escalão superior da Secretaria de Segurança Pública, tendo inclusive o senhor secretário participado de diversas fases do planejamento”, afirmou o coronel.
Até as 15h desta quarta (6), ainda não havia nenhuma notícia oficial a respeito de trocas no comando da Segurança ou da Polícia Militar. Ainda há especulações sobre a saída de outros membros do secretariado, devido à pressão de aliados e manifestantes, mas o governador ainda não se decidira.
A reportagem procurou a secretaria de Segurança para que se posicionasse sobre a carta de Kogut, e aguarda resposta.
O coronel está no posto de comandante-geral da PM paranaense há um ano e meio.
HISTÓRICO
A operação policial foi realizada para impedir a invasão da Assembleia Legislativa, onde se votava uma mudança na previdência dos servidores públicos.
Milhares protestavam do lado de fora. Após uma tentativa de furar o bloqueio policial, bombas de gás e balas de borracha foram lançadas contra os manifestantes durante quase duas horas. Cerca de 160 pessoas, a maioria professores, ficaram feridas.
A proposta de mudança na previdência, criticada pelos servidores por diminuir a expectativa de vida do fundo previdenciário, foi aprovada pelos deputados naquela noite, enquanto o confronto acontecia do lado de fora.