Desde os primórdios da humanidade, as relações sociais entre indivíduos e grupos se deram visando ao poder. As relações de poder podem ocorrer por dependência econômica, psicológica, emocional ou simplesmente por interesses comerciais dos grupos ou pessoas envolvidas em determinado setor.

O poder pode ser expresso e verificado em diversas relações sociais. É muito comum estabelecermos uma relação de poder na política, entretanto, em sentido mais amplo, podemos verificar que ele está inserido em várias dimensões da sociedade, inclusive no futebol.

Se procurarmos saber, a palavra poder vem do latim e diz que é capacidade de deliberar arbitrariamente, agir e mandar, apresentar soberania e consolidar o império. Também, o poder tem relação direta com a capacidade de produzir e realizar algo que outros foram incapazes de realizar.

Quando a busca de poder é o principal objetivo das pessoas dentro dos clubes, normalmente os indivíduos usam suas habilidades para persuadir as pessoas e dessa forma atingir suas metas e objetivos dentro da organização. Embasados na teoria filosófica de alguns pensadores é que os cartolas paranaenses, ou melhor, os mandatários dos três times de Curitiba costumam agir.

Para Foucault, destacado pensador, o poder é menos uma propriedade que uma estratégia. Seus efeitos não são atribuídos a uma apropriação, mas a disposições, a manobras, táticas, funcionamentos. Vejamos então a briga estabelecida dentro do Atlético: Mario Celso Petraglia realizou coisas que os outros não conseguiram. Logo, detém o poder. Por mais que se julgue dono de toda a estrutura, pelos seus feitos, não pode se apropriar do clube, pois tem estatutos e seus conselheiros fiscalizam suas ações. Entretanto, utiliza de táticas e manobras para eternizar o seu comando e se julga no direito de usar e abusar do clube. Para ele, o poder exercido por todos é um poder nulo, como explica Thomas Hobbes. E que o poder deve ser exercido pelo mais forte. Então, venceu, patrão!

Para Max Weber, poder seria a probabilidade de certo comando com um conteúdo específico ser obedecido por um grupo determinado. No Coritiba seria uma grande oportunidade de um novo grupo conquistar o poder pela realização como o fizera Mario Celso no Atlético.
No entanto, o clube também sofre com as disputas internas pelo poder. Formou-se uma diretoria com novas idéias, um projeto a ser realizado em longo prazo e foram corrompidos pelas mazelas do poder em menos de cinco meses. Resultado disso são as dissidências de peças importantes na estrutura do clube.

E o Paraná Clube? Com objetivo de melhorar o ambiente, sanar as dívidas e colocar o clube em outro patamar, destituíram até seu presidente, o qual havia sido eleito legitimamente. Como explica a sociologia, o poder é definido pela habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo que haja resistência por um determinado tempo. Assim, o presidente Rubens Bohlen suportou o quanto pôde, mas cedeu. A imposição feita pela força do poder econômico, neste caso também ficou muito bem evidenciada.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo