RAFAEL REIS SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Joseph Blatter foi reeleito presidente da Fifa no dia em que decidiu concorrer ao quinto mandato. As desistências de Michael van Praag e Luís Figo de participarem do pleito do próximo dia 29 foram apenas o reconhecimento público de que eles não teriam chance nenhuma contra o poderio de mobilização do suíço junto às associações nacionais que formam o colégio eleitoral do órgão. Ao recuarem na intenção de assumirem o comando da Fifa, eles apenas evitaram uma derrota acachapante, provavelmente até desmoralizante. O presidente da federação holandesa e o ex-jogador português sabiam desde o início de que seria uma tarefa hercúlea tirar Blatter do comando da entidade que dirige desde 1998. Mas resolveram arriscar. A esperança das candidaturas era conseguir romper a barreira da Europa, único continente com oposição consolidada ao suíço. Por isso, ambos prometeram aumentar o número de vagas na Copa do Mundo. O plano era comprar com a ambição de estar em um Mundial aqueles votos fadados a irem para a conta de Blatter. Só que esse é um jogo que o presidente da Fifa sabe jogar melhor que qualquer um dos opositores. Se Van Praag e Figo tinham a oferecer o sonho de disputar uma Copa a países que jamais o fizeram, Blatter respondeu com dinheiro. Cada associação nacional recebeu um bônus de US$ 750 mil (R$ 2,3 milhões) graças aos bons resultados financeiros da entidade no ano passado. “Vi eu presidentes de federação que num dia comparavam os líderes da Fifa ao Diabo e no outro subiam ao palco a comparar as mesmas pessoas a Jesus Cristo. Ninguém me contou. Fui eu que presenciei”, publicou Figo, em sua conta no Facebook. O português, nome preferido dos atletas e personalidades que defendem uma reforma estrutural na entidade, teve dificuldades no diálogo com as associações nacionais. Ele até poderia concentrar os votos europeus. Mas ficaria nisso. Já Van Praag tinha a promessa de ser apoiado por Suriname, ex-colônia holandesa, na eleição da próxima semana. Um voto fora da Europa. Foi tudo o que conseguiu. Os europeus não querem Blatter no comando da Fifa e devem votar em massa no príncipe jordaniano Ali bin Al-Hussein, único adversário do suíço ainda na disputa. Apesar de asiático, ele também não terá um apoio volumoso do seu continente. A tendência é que o atual presidente seja reeleito com quase a unanimidade dos votos de América, Ásia, África e Oceania (156 das 209 federações nacionais estão nesses continentes). Já seria assim se tivesse Van Praag e Figo como adversários. E também será assim sem eles.