A Polícia Federal deflagrou ontem a 13ª fase da Operação Lava Jato que tem como alvo fatos relacionados a dois operadores financeiros que atuavam junto a contratos firmados por empreiteiras com a Petrobras. Entre os presos ontem estão o empresário Milton Pascowitch, que prestou serviços para a Ecovix, uma empresa do ramo de construção naval. Ele foi preso em São Paulo e levado para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde permanecerá à disposição da Justiça Federal.
Pascowitch é apontado pela força-tarefa da Lava Jato como um dos operadores de propina na Diretoria de Serviços na Petrobras, que era comandada por Renato Duque. Ele teria recebido obras de arte como pagamento de propina. Pelo menos três quadros entre os 131 apreendidos na residência do ex-diretor indicado pelo PT, no Rio, em março, teriam sido pagos pelo lobista.
Foram aprendidas nesta manhã 40 obras de arte na casa de Pascowitch, em São Paulo, e outras 20 na casa de seu irmão, José Adolfo – que foi conduzido coercitivamente, afirmou o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paulo. Esse é um mecanismo habitualmente usado para lavar dinheiro, são pagas com dinheiro em espécie. É um mercado não muito rígido e muito fértil para lavagem de dinheiro, afirmou o delegado. Pelo menos três casos já foram identificados em que ele (Duque) escolheu quadro, comprou e solicitou que fosse pago pelo operador, disse o delegado.
Na casa de Pascowitch foram encontrados documentos de obras que estava registradas em nome do ex-diretor de Serviços. Pascowitch e Duque são peças-chaves nas investigações que envolvem o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e sua empresa, a JD Assessoria e Consultoria. Jamp e a própria Engevix pagaram juntas R$ 2,6 milhões ao ex-ministro José Dirceu – também por serviços de consultoria, entre 2008 e 2012.
A empresa de Dirceu está sob suspeita de ter recebido dinheiro do cartel por consultorias frias. Ele prestou serviços de lobby internacional para a Engevix Engenharia, uma das empreiteiras do cartel na Petrobras, sustenta a Lava Jato. Os quadros apreendidos em outras fases da Lava Jato estão expostas no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
Pascowitch é o alvo central das investigações envolvendo o suposto recebimento de propinas pelo ex-ministro José Dirceu, pelo ex-diretor de Serviços da Petrobras e o PT. Pascowitch pagou R$ 1,4 milhão ao ex-ministro José Dirceu e R$ 1,2 milhão para Duque.
A Jamp pagou a JD Assessoria e Consultoria Ltda., do ex-ministro José Dirceu, em 2011 e 2012. O ex-ministro alegou que foi por serviços de consultoria internacional prestados para a construtora Engevix Engenharia, em Cuba e no Peru. Para os investigadores da Lava Jato, a Jamp era uma empresa de fachada de Pascowitch usada para esquentar o dinheiro da propina Não há aparente relação justificável para a relação comercial formal entre as partes, acreditam os procuradores.
O que reforça a suspeita é o depoimento de um dos sócios da Engevix, Gérson de Mello Almada, no dia 18 de março. O vice-presidente da empreiteira confessou ter pago por serviços de lobby ao operador de propina, como forma de garantir seus contratos na Petrobras.
Pascowitch seria um abridor de portas na estatal, graças aos seus contatos com membros do PT.