SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após ter acesso a parte dos e-mails entregues pela ex-secretária de Estado Hillary Clinton, o principal nome democrata para a disputa à Casa Branca em 2016, ao Departamento de Estado no último ano, o “The New York Times” publicou nesta quinta (21) alguns detalhes dos documentos. Um dos e-mails mostra que Hillary foi informada por Sidney Blumenthal, um amigo de longa data e seu assessor durante a campanha à presidência em 2008, que o ataque ao consulado americano em Benghazi, que matou o embaixador no país, Christopher Stevens, em 2012, teria sido cometido por um grupo com ligação com a Al Qaeda. A mensagem foi enviada dois dias depois do ataque. A versão contraria o que a então embaixadora dos EUA nas Nações Unidas -e atual assessora de Segurança Nacional de Obama-, Susan Rice, falaria a programas de TV no fim de semana seguinte: que o ataque teria sido resultado de protestos “espontâneos” contra um vídeo antimuçulmano que se tornaram violentos. “Citando ‘fontes sensíveis’ na Líbia, a mensagem [de Blumenthal] dava detalhes sobre o episódio, dizendo que o plano tinha sido elaborado por membros do Ansar al-Shariah, grupo terrorista líbio. Esses militantes tinham laços com a Al Qaeda, planejaram os ataques por um mês e usaram um protesto próximo para acobertar a ação, diz o texto”, relata o “NYT”. Em e-mail a Jake Sullivan, seu principal assessor em política externa, Hillary teria dito que essa informação deveria “circular o mais rápido possível”. As declarações de Rice são usadas até hoje pelos republicanos para atacar o governo Obama -e, em especial, Hillary-, sob o argumento de que eles teriam deliberadamente enganado a população para não minar, antes das eleições de 2012, a versão de que a gestão democrata estava vencendo a guerra contra o terrorismo. Segundo o jornal, das 55.000 páginas de mensagens de seu e-mail pessoal -que, em março, divulgou-se que era usado para trabalho- entregues, 850 estão relacionadas à Líbia e ao ataque ao consulado em Benghazi. Destes, o “NYT” teve acesso a “cerca de um terço”. Pelos e-mails, fica evidente que Hillary muitas vezes encaminhou para seus assessores do Departamento de Estado as mensagens e impressões colhidas por Blumenthal. Não fica claro, contudo, se a equipe do Departamento de Estado sabia que se tratava de informações vindas de um conselheiro de Hillary de fora do governo, que não revelava suas fontes. Há a expectativa que o conteúdo de mais e-mails seja divulgado nos próximos dias.