SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Marinha de Mianmar afirmou nesta sexta-feira (22) ter resgatado 208 pessoas que estavam em uma traineira que se dirigia à Tailândia na costa do Estado de Rakhine, principal ponto de partida de imigrantes da etnia rohingya, não reconhecida pelo país.
A ação acontece após o início de operações de patrulhamento do golfo de Bengala e do estreito de Andaman, feita por países do Sudeste Asiático, para tentar diminuir o tráfico de pessoas e o fluxo intenso de imigrantes ilegais pela região.
Segundo as autoridades birmanesas, o plano dos traficantes era levar os imigrantes até a Tailândia, mas estes foram rejeitados ao chegar a Ranong, no sul do país vizinho. Além dos imigrantes, nove tripulantes e dois intérpretes foram detidos.
Na versão de Mianmar, as pessoas que estavam no barco eram de Bangladesh, vindas da capital Dacca e das cidades de Cox’s Bazar e Chittagong, e deverão ser entregues às autoridades bengalesas assim que chegarem em terra.
Não é possível, porém, confirmar de forma independente se eles eram de fato bengaleses porque os birmaneses consideram os rohingyas cidadãos do país vizinho. As autoridades de Bangladesh ainda não se pronunciaram sobre o caso.
Mais cedo, o chefe militar de Mianmar, Min Aung Hlaing, disse que “muitas das vítimas deverão dizer que são rohingyas para tentar receber ajuda humanitária da Acnur [Alto Comissariado da ONU para Refugiados]”.
Os membros da etnia, que habita principalmente o Estado de Rakhine, estão entre os grupos de imigrantes que tentam cruzar o mar nesta região da Ásia. Pelo menos 120 mil tentaram a travessia nos últimos anos.
PRESSÃO
O outro grupo representativo vem de Bangladesh, fugindo da pobreza e da violência sectária no país. As autoridades dos países da região começaram a atuar após pressão da ONU, da União Europeia e dos EUA para tentar solucionar a crise humanitária.
Antes, as autoridades malasianas, indonésias e tailandesas geralmente rejeitavam os barcos, deixando milhares de pessoas à deriva no mar, muitas vezes sem combustível, comida e água para conseguir avançar.
A situação foi denunciada há duas semanas, chamando a atenção do mundo. Nesta sexta, a Acnur comemorou o resgate feito por Mianmar e estimou que mais de 2.000 pessoas estejam em barcos à deriva na região do golfo de Bengala.
Em nota, o órgão da ONU disse esperar a manutenção dos resgates. Além de Mianmar, autoridades da Malásia, da Tailândia e da Indonésia patrulham suas águas territoriais em busca de outros barcos de imigrantes à deriva.
Segundo dados da Organização Internacional de Migração, cerca de 3.600 imigrantes e refugiados foram levados para terra firme pelos três países, sendo metade rohingyas e o resto de Bangladesh.