RAUL JUSTE LORES WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Cerca de 300 e-mails da ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton foram divulgados nesta sexta (22), quase todos em relação à segurança na Líbia e ao atentado que matou o embaixador americano em Benghazi, em 2012. Os e-mails representam menos de 1% do total de comunicações eletrônicas que Hillary devolveu ao governo para arquivamento. Ela manteve um e-mail pessoal em um servidor criado para ela e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, nos quatro anos em que foi secretária de Estado (2009-13). Hillary é a principal candidata democrata a suceder o presidente Barack Obama na campanha do ano que vem. Um dos 300 e-mails tinha informação considerada “confidencial” e será mantido secreto a pedido do FBI, a polícia federal americana. Antes, ela tinha dito que jamais havia recebido comunicações “sensíveis” à segurança nacional nesse e-mail familiar. Em fevereiro, Hillary admitiu ter “errado” em continuar usando o e-mail pessoal e que o fez por “praticidade”, para ter tudo em um único smartphone. Metade dos e-mails desse período em seu servidor foram apagados por terem conteúdo “estritamente pessoal”, disse então a candidata, explicando que se tratavam de temas pessoais, da morte da mãe ao casamento da filha, Chelsea, e a rotinas de ioga. A oposição republicana tem acusado Hillary de “se achar acima da lei” e de não dar transparência a seus passos. Analistas dizem que a estratégia é relembrar ao eleitorado os escândalos pessoais e os lances de telenovela do casal Clinton nos anos 90. “Estou feliz de que os e-mails comecem a ser divulgados”, disse Hillary, em uma rara conversa com a imprensa, em uma visita a New Hampshire, um dos primeiros Estados a realizar as primárias partidárias no início do ano que vem. “As pessoas terão capacidade de ver todos. Eu pedi que fizessem isso faz tempo.” Entre os e-mails, há várias conversas dela com seu então assessor, Jake Sullivan, sobre audiências no Senado que questionavam as falhas que permitiram os atentados na Líbia. Durante dois anos, os republicanos também tentaram acusar Hillary de ser culpada pelos atentados em Benghazi por não ter reforçado a segurança do embaixador ou por seus assessores terem chamado os atentados de “protestos espontâneos que se transformaram no ataque à embaixada”. Mas diversas pesquisas de opinião nos últimos dois meses revelam que a popularidade de Hillary continua alta e que tanto Benghazi quanto o “escândalo” sobre os e-mails não irritaram muito a opinião pública. Favoritíssima a ser a candidata democrata, e com pelo menos 10 pontos percentuais à frente de qualquer concorrente da oposição republicana, de acordo com todas as pesquisas, Hillary pode se dar ao luxo de quase não dar entrevistas e evitar questionamentos, apesar da atenção redobrada a cada um de seus passos.