SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O voto favorável pela legalização do casamento gay vence o referendo na Irlanda com 62,4% das cédulas contadas até o momento, contra 37,6% de votos para o “não”. Segundo a apuração parcial divulgada às 12h15 de Brasília, a participação da população irlandesa, majoritariamente católica, na votação chegou a 65%.
Os defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Irlanda já celebram o resultado. A esplanada do Castelo de Dublin, que já foi a residência dos governantes britânicos e sempre foi um símbolo do poder, ficou lotada de partidários do “sim”, em um clima de festa. Veja fotos
“É fantástico ser irlandês”, disse Rory O’Neill, que usa o nome artístico “Panti Bliss”, a drag queen mais famosa da Irlanda e um dos líderes da campanha a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
“É histórico, somos o primeiro país do mundo a votar a favor da igualdade no matrimônio em um referendo”, disse o ministro da Saúde, Leo Varadkar. “É uma revolução cultural”, completou, em referência à forte tradição católica do país (a religião é seguida por 85% da população), onde a homossexualidade só deixou de ser considerada crime em 1993.
Na entrada do principal local de apuração de votos em Dublin, duas mulheres, Grainne O’Grady, 44, e Pauline Tracey, 53, afirmaram que planejavam apenas “celebrar, celebrar e celebrar”.
“Eu poderia explodir de tanta felicidade. O que estava em jogo era se nós somos iguais em nosso próprio país”, disse O’Grady, enquanto Tracey declarou que está “muito orgulhosa”.
Na sexta-feira (22), mais de 3,2 milhões de irlandeses estavam registrados para votar a favor ou contra uma emenda constitucional que contempla que “o matrimônio pode ser contratado de acordo com a lei por duas pessoas, sem distinção de sexo”.
A imprensa local já havia antecipado um índice de participação acima de 60%, em particular nas grandes cidades, um resultado que supera o registrado nas eleições mais recentes no país.
Para Colm O’Gorman, da Anistia Internacional, a vitória do “sim” “constituiria uma mensagem extraordinária de esperança à comunidade homossexual e transexual, vítima da perseguição em todo o mundo”.
O “sim” foi defendido por todos os principais partidos políticos irlandeses, incluindo o Fine Gael do primeiro-ministro Enda Kenny. Os defensores da reforma constitucional receberam o apoio de várias celebridades, como o cantor Bono, do grupo U2, e o ator Colin Farrell.
Do lado do “não”, a Igreja Católica de Irlanda e os conservadores defenderam que o matrimônio deveria seguir exclusivo para a união entre um homem e uma mulher.