Principal bandeira do PMDB na reforma política, o sistema de eleição para deputado conhecido como distritão torna sem efeito a maior parte dos votos dados pelos eleitores aos candidatos. No atual modelo, o voto sem serventia atingiu 6% dos eleitores de São Paulo que escolheram um candidato a deputado em 2014.

Com o distritão, atingiria 64%. O montante não tem relação com os votos nulos, brancos ou com a abstenção. Trata­-se dos votos dados aos candidatos não eleitos, mais os direcionados em excesso para os mais bem votados. No atual sistema, chamado proporcional, a votação nos não eleitos e a votação excedente nos eleitos contribuem para que outros candidatos do mesmo partido ou coligação consigam uma vaga.

Dessa forma, o eleitor não “perde o voto” se seu candidato não conseguir uma cadeira. Essa escolha influencia na distribuição das vagas e acaba ajudando alguém que, em tese, defende uma plataforma parecida. Com o modelo que está sendo proposto, nada disso ocorre. Se o voto do eleitor não foi para um candidato eleito, seu valor final na distribuição das cadeiras acaba tendo o mesmo do de um voto branco ou nulo: nenhum. O distritão é defendido pelo vice­presidente Michel Temer (PMDB) e pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB­RJ), segundo quem só esse modelo tem chance de ser aprovado entre os que estão em discussão hoje. A Câmara vota nesta semana a proposta de reforma política.