A greve dos professores da rede estadual de ensino, que já dura 40 dias letivos (mais de 50 dias corridos) desde a primeira paralisação, no início do ano, prejudica a preparação dos alunos do terceiro ano do ensino médio, que devem fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares neste ano. As provas do Enem serão aplicadas nos dias 24 e 25 de outubro. Hoje, começam as inscrições para o exame.

A paralisação vai prejudicar principalmente os alunos do terceiro ano, que farão o Enem e o vestibular, pois o tempo é exíguo para a reposição de conteúdo. O aluno precisa fixar uma quantidade muito grande informações. Essa é uma das nossas principais preocupações, comentou a secretária de Estado da Educação, professora Ana Seres.

O receio dos estudantes é não ter tempo suficiente para se preparar para o exame. Estamos perdendo muito conteúdo e não teremos tempos para aprender a ponto de realizar uma boa prova, lamentou a aluna Renata Maria Sopko, de 17 anos, do 3° ano do Colégio Estadual Caetano Munhoz da Rocha, em Rio Negro, Sul da Região Metropolitana de Curitiba.

De acordo com o Ministério da Educação, a nota obtida pelo estudante no Enem é um dos critérios para o acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em diversas instituições públicas, e do Programa Universidade para Todos (ProUni).

A prova também é requisito para obtenção do benefício do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), participar do programa Ciência sem Fronteiras e ainda para ingressar em vagas gratuitas dos cursos técnicos oferecidos pelo Sistema de Seleção Unificada da Educação Profissional e Tecnológica (Sisutec). Estudantes maiores de 18 anos podem também obter a certificação do ensino médio por meio do Enem.

Ou seja, além de ter o ano letivo prejudicado, os estudantes temem também perderem prazos para requerer benefícios destinados aos estudantes de baixa renda.

Enem — O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontece neste ano nos dias 24 e 25 de outubro. As inscrições abrem hoje e poderão ser feitas até o dia 5 de junho por meio do site: http://enem.inep.gov.br/. A taxa de inscrição que mantinha valor de R$ 35, 00 desde 2004 teve o valor alterado para R$ 63,00.

Setores reclamam perdas com paralisação

Além do comprometimento pedagógico, a paralisação também afetou indiretamente outras áeras que trabalham com a área da educação, como motoristas autônomos que trabalham com o transporte escolar e pequenos agricultores.

No Paraná são 128 instituições de agricultores que entregam semanalmente alimentos orgânicos para a merenda das escolas. Com as escolas fechadas, os produtos são perdidos na própria lavoura, já que o agricultor não pode realizar a colheita. Ou as frutas e verduras já colhidas acabam apodrecendo de um dia para outro.

Gerson Rodrigues da Cruz, produtor e presidente da Cooperativa Agroindustrial de Produtores de Corumbataí (Coaprocor), de Corumbataí do Sul, no Centro Oeste, amarga um prejuízo de R$ 20 mil com a perda da produção. Os motoristas autônomos que trabalham com o transporte escolar também são afetados com a paralisação das aulas. A maioria dos profissionais está desde o início da greve sem receber.

É do transporte escolar que sai o nosso sustento. Não somos contra ninguém, entendemos que é necessário exigir melhorias para a educação, mas dependemos da volta das aulas porque a greve está afetando 70% da nossa renda, revelou Marcos de Bem, presidente do Sindicato dos Operadores de Transporte Escolar de Curitiba (Sindotec).

Sobre o enem 2015

– O Ministério da Educação estima mais de 9 milhões de inscritos. No ano passado, a edição contou com 8,7 milhões, mas apenas 6,7 milhões realizaram a prova

– O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) fornece uma apostila digital de estudos que reúne todos assuntos cobrados no exame por um valor de R$ 44,90. Ela pode ser adquirida através do site, com uma taxa de Correio de R$ 5

– O cartão de confirmação de inscrição não será mais enviado via correio como era feito até ano passado. Ele deve ser baixado ou consultado pelo site do Enem.


Calendário

Reposição
A reposição das aulas só poderá ser definida com precisão com o fim da greve, e deverá será feita durante o recesso de julho e nos sábados disponíveis. Os calendários serão elaborados pelos Núcleos Regionais de Educação de acordo com a necessidade de cada regional, já que em algumas delas as escolas funcionaram normalmente. O objetivo é garantir o direito dos alunos dos 200 dias letivos previstos por lei. Logo após a greve do começo do ano, ficou definido que a reposição de aulas não aconteceria aos sábados, com o calendário escolar deste ano sendo concluído no dia 23 de dezembro, e férias de apenas uma semana no meio do ano, no mês de julho.