SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Escritores brasileiros vêm se mobilizando para tentar fazer com que a Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo, cujo cancelamento foi anunciado na última quarta-feira (20), tenha edição neste ano.
Um dos mais tradicionais eventos literários do país, considerado exemplo para a formação de leitores, a Jornada de Passo Fundo acontecia a cada dois anos desde 1981, mas, na última semana, a organização informou que não realizaria a 16ª edição, que estava prevista para o período entre 28 de setembro e 2 de outubro.
“A conjuntura econômica nacional impõe um cenário de contenção e exige restrições de investimentos em atividades dos mais diferentes gêneros. Desse modo, ante a incerteza desse momento, a realização de um evento de natureza tão grandiosa não se mostra recomendado”, informou a Universidade de Passo Fundo, uma das organizadoras do evento, em nota.
No sábado, um grupo encabeçado por autores como Ignácio de Loyola Brandão, Nélida Piñon, Marcelino Freire, Milton Hatoum e João Almino lançou uma petição on-line para protestar contra a falta de patrocínio e pedir mais apoio do governo ao evento. Na noite desta segunda (25), a página tinha cerca de 1.100 assinaturas.
“Chamamos a atenção […] para o descaso sofrido pelas Jornadas Literárias de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, na pessoa de sua criadora e organizadora, a professora Tânia Rösing, que, após 30 de anos de luta […], por falta total de apoio e de sensibilidade do Ministério da Educação, do Ministério da Cultura, das secretarias estadual e municipal de cultura de sua região e de patrocinadores, teve que cancelar a edição deste ano”, diz a página.
Em iniciativa paralela, o escritor Fabrício Carpinejar e o psicanalista Mário Corso criaram nesta segunda (25) uma página para arrecadar R$ 405 mil em 45 dias, valor e prazo necessários para que o evento aconteça esse ano. Em algumas horas, arrecadaram R$ 779, doados por 13 pessoas.
“Não aceitamos. Não aceitamos o fim da jornada. Não é este o país que desejamos, um país em que a literatura morre e todo mundo aceita naturalmente, de braços cruzados, um país onde os deputados aprovam – nababescamente – um shopping no Congresso Nacional e nada é feito para defender a cultura. É o mesmo que aceitar destruir o Theatro São Pedro ou a Feira do Livro de Porto Alegre”, afirma o texto.