VENCESLAU BORLINA FILHO
CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) – O Consórcio PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) já prevê racionamento de água e desemprego na região de Campinas em função das novas vazões de retirada de água do Sistema Cantareira fixadas pelos governos estadual e federal para o período da seca.
Pelas regras anunciadas nesta segunda-feira (25), as vazões ficarão limitadas a 3.500 litros por segundo 1º de junho a 30 de novembro. Apesar de ser maior do que os 2.500 litros por segundo atuais, o consórcio diz ser necessário mais 6.100 litros para a região, com população de 5,5 milhões de pessoas.
Já para a Grande São Paulo, as vazões serão reduzidas de 13.500 litros para 10.000 por segundo a partir de 1º de setembro. Até lá, a expectativa é da entrada em operação das obras emergenciais da Sabesp.
Na região de Campinas, o consórcio teme que a redução afete boa parte das indústrias, provocando desemprego. No ano passado, durante a estiagem, o setor foi bastante afetado.
A região não tem grandes reservatórios de água, dependendo exclusivamente das chuvas ou das liberações do Cantareira, que atualmente opera no volume morto – situação pior se comparado com o mesmo período do ano passado, quando operava dentro do volume útil.
“Essa restrição será feita às custas da população, que enfrentará racionamentos e o desemprego”, disse a gerente técnica do Consórcio PCJ, Andréa Borges. “Apesar de já termos conseguido reduzir o consumo, teremos um deficit de 6 m³/s [6.000 litros por segundo] para o período da seca”, completou.
“O que está sendo feito é a gestão da falta de água. Houve uma superexploração do Cantareira no ano passado e com a falta de chuva não houve condições do Cantareira se recuperar, restando agora essa restrição”, disse o professor Antonio Carlos Zuffo, especialista em recursos hídricos da Unicamp.
Em nota, o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) informou que manterá, em conjunto com a ANA (Agência Nacional de Águas), o acompanhamento das vazões de entrada e saída do Cantareira, de forma a avaliar alterações nas quantidades de água liberadas.
GRANDE SP
No caso da Grande São Paulo, a medida força a Sabesp (companhia de saneamento estadual) a cumprir com os prazos de execução das obras emergenciais para evitar o rodízio.
A principal obra, já atrasada, é a transferência de 4.000 litros por segundo do sistema Rio Grande (por meio do rio Pequeno, braço limpo da represa Billings) para o sistema Alto Tietê. A intenção era entrar em operação parcial já neste mês, mas foi adiada para setembro.
O objetivo do Daee e da ANA é chegar até o final do ano sem a necessidade de usar a terceira cota do volume morto do Cantareira, o que representaria total esgotamento do principal conjunto de represas do Estado que já chegou a abastecer um total de 14 milhões de pessoas.
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