LUCAS REIS, ENVIADO ESPECIAL
LONDRINA, PR (FOLHAPRESS) – O governador Beto Richa (PSDB), que enfrenta uma séria crise econômica e uma onda de protestos do funcionalismo, agora começa a perder apoio na sua própria base aliada. Deputados estaduais dos partidos que o apoiam decidiram apresentar uma nova proposta de reajuste salarial para os servidores.
Richa afirma que o Estado não tem condições de dar mais do que 5% de aumento ao funcionalismo. Mesmo assim, deputados da base aliada reuniram-se nesta terça (26) com o secretário-chefe da Casa Civil, Eduardo Sciarra, e informaram que só aceitarão reajuste mínimo de 8,17% -resultado do IPCA (índice oficial de inflação) registrado nos últimos 12 meses.
Os deputados apresentaram duas propostas ao governo, que incluem o parcelamento do reajuste em três vezes, com quitação em janeiro de 2016, e a alteração da data-base de maio para janeiro, que alteraria a base do cálculo IPCA -sem perda para os servidores, segundo o líder da base, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB).
“A base de apoio comunicou ao governo que não votará uma proposta inferior ao IPCA”, disse Romanelli. “O governo agora terá de decidir pela melhor proposta para definir o projeto que será enviado à Assembleia.”
Após a reunião, Sciarra afirmou que o governo tem interesse em chegar a uma proposta conjunta. Uma nova reunião entre deputados, Casa Civil e Fazenda, na noite desta terça-feira, deve definir o projeto a ser encaminhado para votação.
Apesar do veto, Romanelli diz que não há desgaste entre Richa e sua base aliada. “Tomamos medidas impopulares e duras desde o ano passado, temos uma boa interação entre bancada e governo, Beto é uma pessoa fácil de discutir. Demos mais de uma alternativa para que ele possa escolher, respeitando a capacidade de pagamento do Estado”, disse.
Richa começou a perder apoio desde a ação policial que deixou quase 200 feridos durante manifestação de professores. A categoria criticava projeto que estabeleceu mudanças na Previdência dos servidores.
Nesta segunda (25), advogados e professores universitários protocolaram na Assembleia Legislativa um pedido de impeachment do governador, baseado na ação policial contra os professores.
Eles responsabilizam Richa pelo ato e sustentam que ele incorreu em crime de responsabilidade, por atentar contra o exercício dos direitos políticos pela população.
O pedido ainda será analisado pela procuradoria da Assembleia, que vai verificar sua procedência legal. O órgão pode arquivá-lo ou levá-lo à votação no plenário. São necessários os votos de dois terços dos deputados para aprovar o impeachment.