SAMANTHA LIMA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governo prevê iniciar a venda de ativos do setor elétrico no último trimestre de 2015, com a oferta da Celg, distribuidora do grupo Eletrobrás em Goiás, informou nesta quarta-feira (27) o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga.
Segundo o ministro, “não há preconceito” na administração federal com a venda de ativos.
“Não há no governo nenhum preconceito com a privatização. Existem ativos em regiões de sistema isolado, em que não há viabilidade para serem privatizados. Há outros sistemas interligados, maduros economicamente, em que o papel de indução do desenvolvimento já foi exercido pelo governo, e que portanto é desnecessário continuar gerindo essa área. Agora, a iniciativa privada pode assumir seu papel”, disse Braga, depois de abrir o Enase (Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico), no Rio.
O ministro afirmou que o plano é mais do que apenas venda de ativos.
“Não é apenas um plano de desinvestimento, mas de gestão. Nós estamos fazendo um trabalho contínuo de reestruturação das empresas públicas do setor elétrico. Fizemos reestruturação quando ajustamos as tarifas, dentro do realismo tarifário”.
Braga diz que o governo ainda analisa quais outros ativos serão postos à venda, mas que podem ser em geração e distribuição. Não soube dizer até quando o plano será concluído e apresentado, nem quanto pretende levantar em recursos.
De acordo com o ministro, a saída do governo, se parcial ou total, dos projetos, será definida “caso a caso”, mas que, na venda da Celg, o plano inicial é que a gestão federal saia integralmente da distribuidora.
PETROBRAS DEVE TER PRIORIDADE
Braga disse que a decisão da venda de ativos no pré-sal é uma questão de “prioridade”.
A empresa prevê vender US$ 13,6 bilhões em ativos até 2016, entre os quais blocos do pré-sal. O anúncio do plano de negócios da estatal e o de desinvestimentos é esperado para a segunda quinzena de junho.
“Tudo é estratégico, mas temos que ter prioridades”, disse o ministro, quando perguntado sobre a importância de tais blocos no portfólio da companhia.
“Temos de aguardar o anúncio, mas compartilhamos a expectativa de muitos que a empresa precisa apresentar um número robusto e realista, para mostrar que fará investimentos na sua capacidade. Tudo é estratégico, mas temos que ter prioridades.
NUCLEARES FORA DO GOVERNO
Para Braga, mais do que prioridade, a construção de usinas nucleares é uma “necessidade”. Ele defende, porém, que as obras passem a ser tocadas pela iniciativa privada.
“Há uma mudança no clima e no risco hidrológico do país. Por isso, as térmicas nucleares não podem ser dispensadas. O modelo de construção precisa ser mudado. O modelo de obra pública está vencido. O último será a construção de Angra 3. A construção pode ser obra de investimento privado. Mas não defendo a operação por empresas privadas”.