LEANDRO COLON, ENVIADO ESPECIAL ZURIQUE, SUÍÇA (FOLHAPRESS) – O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou que os episódios desde quarta-feira (27), que envolvem a prisão do ex-presidente da CBF José Maria Marin, são um “momento difícil” para o futebol. “É um momento difícil para o futebol, os torcedores e à Fifa como uma organização”, disse. “Nós entendemos a decepção que muitos expressam e sei que os eventos de hoje vão impactar a maneira com que muitas pessoas nos veem”, afirmou o dirigente. Marin, 83, e outros seis dirigentes da Fifa foram detidos pela polícia suíça em uma operação realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos, que investigam um suposto esquema de corrupção na entidade. Segundo o Departamento de Justiça dos EUA, a maior parte do esquema envolvia subornos e propinas entre dirigentes da Fifa e executivos do setor na comercialização de jogos e direitos de marketing de campeonatos como eliminatórias da Copa do Mundo na América do Norte, a Concacaf, a Copa América, a Libertadores e a Copa do Brasil -esta última, organizada pela CBF. As acusações estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva. Blatter destacou ainda que a Fifa colaborou com as investigações desde o ano passado com uma série de documentos. O presidente não citou o congresso e a eleição para presidente da entidade que ocorrem entre quinta (28) e sexta (29) em Zurique. Ele é o favorito para ser reeleito a um quinto mandato. BANIMENTO O dirigente destacou também a decisão do Comitê de Ética da Fifa de banir temporariamente do futebol 11 cartolas das atividades do futebol, entre eles Marin. “As acusações estão claramente relacionadas com o futebol e são de natureza tão grave que era necessário tomar uma ação rápida e imediata. O processo seguirá o seu curso de acordo com o código de ética da Fifa”, afirmou o presidente da câmara decisória do comitê de ética, Hans-Joachim Eckert. Ao mesmo tempo do comunicado de Blatter, a Conmebol, entidade que reúne os países sul-americanos, se manifestou. Disse “repudiar” atos de corrupção e apoiar as investigações. Afirmou que respeita as declarações de culpa ou de inocência da Justiça, além de defender a “verdade, a ética e a transparência”. O presidente da CBF, Marco Polo del Nero, participou da reunião da Conmebol. Mais cedo, disse que a prisão de Marin e dos cartolas é “péssima” para a entidade, mas defendeu os contratos assinados pela gestão do seu antecessor.