PAULA SPERB
TRÊS PASSOS, RS (FOLHAPRESS) – A enfermeira Graciele Ugulini, acusada de assassinar o enteado Bernardo Boldrini, em abril de 2014, exerceu o direito de permanecer calada em audiência realizada nesta quarta-feira (27) no Fórum de Três Passos (RS).
Questionada pelo juiz Marcos Luís Agostini, Graciele não respondeu seu nome, idade, endereço nem estado civil. Ela é casada com Leandro Boldrini, pai do garoto e também acusado pelo crime.
Graciele falou apenas quando Agostini perguntou sobre sua filha, do casamento com Boldrini. A enfermeira disse que a menina tem dois anos.
A madrasta de Bernardo não quis responder nenhuma pergunta, nem mesmo de seu advogado de defesa. Ela não quis permanecer na sala para escutar os demais acusados da morte do garoto.
Na audiência, a aparência de Graciele é muito diferente da imagem divulgada nos meios de comunicação na época do crime. Ela aparecia loura e sorridente nas fotos retiradas de seu perfil do Facebook, em registros feitos frequentemente ao lado de Boldrini.
Agora, a enfermeira parece abatida, com o cabelo castanho sem tintura nem corte, quase até a cintura, preso em um rabo de cavalo baixo.
Uma funcionária trouxe um copo de água para Graciele, a pedido do juiz. Ela tomou um gole e depois escutou a leitura de sua denúncia, que a aponta como executora do assassinato de Bernardo. Além disso, Graciele é acusada de ocultação de cadáver, por ter enterrado o corpo do enteado e dificultado a investigação.
AMIGA DA MADRASTA
“Eu fui obrigada a vir. Estou fazendo tratamento. Não tenho condições de falar. Só vou falar no dia da audiência”, disse Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, ao juiz.
Ela foi a terceira réu a ser recebida na audiência. Assim como a madrasta de Bernardo, usou seu direito de permanecer em silêncio e não quis acompanhar o interrogatório do irmão Evandro. Ele será o último a ser ouvido.
A bacharel em serviço social apenas respondeu às perguntas iniciais do juiz sobre profissão, endereço e estado civil. Em seguida, escutou sua denúncia.
Segundo a denúncia, Edelvânia recebeu R$ 6 mil e promessa de mais dinheiro para comprar um imóvel em troca de ajuda para matar o garoto. Ela é acusada de comprar as ferramentas para cavar o buraco onde Bernardo foi enterrado, em um matagal do município vizinho de Frederico Westphalen, e de comprar o remédio Midazolam, encontrado no corpo do menino. Edelvânia foi denunciada pela morte e por ocultação de cadáver. Além disso, é acusada de cooptar seu irmão Evandro para colaborar com o crime.
PAI DO MENINO
O médico Leandro Boldrini, pai do menino Bernardo, foi o primeiro dos quatro acusados a ser ouvido e negou qualquer envolvimento com o crime.
“É falsa [a denúncia]. Tenho a cristalinidade de declarar ao senhor [juiz] que isso é falso. Eu não participei disso. Eu nego”, disse Boldrini ao juiz Marcos Luís Agostini.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, o próximo passo, após o interrogatório, será a apresentação das teses das defesas dos réus. A seguir, o juiz decidirá se convoca uma audiência com júri popular, arquiva o processo, absolve os réus ou desclassifica a denúncia da Promotoria.
Na audiência, Agostini perguntou a Boldrini quem eram os culpados pela morte do menino, já que ele se diz inocente. “Os autores são os demais denunciados”, disse ele, referindo-se à sua mulher, Graciele Ugulini, e aos irmãos Edelvânia e Evandro. “Tem imagens que mostram isso.”
O pai de Bernardo afirmou que a polícia e o Ministério Público “imaginaram” que ele participou do crime e que, por isso, o colocaram “junto” na denúncia.