AGUIRRE TALENTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O contrato da Câmara dos Deputados com a empresa de investigação Kroll para servir à CPI da Petrobras vai ter um aumento de valor além do R$ 1,1 milhão já anunciado.
A Kroll foi contratada para rastrear contas no exterior de delatores da Operação Lava Jato que não tenham sido declaradas às autoridades, o que pode enfraquecer suas delações e favorecer os políticos alvo de inquéritos na Lava Jato.
Em reunião interna da CPI realizada nesta quinta-feira (28), o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), informou que a empresa está encerrando a segunda fase do seu trabalho e que, para continuar nas próximas fases, precisará de um valor extra além do que já estava previsto.
Questionado pela imprensa, Motta disse que seria uma “recontratação” já prevista em contrato e rechaçou chamá-la de “aditivo”, termo comumente usado pela administração pública para aumentar o valor de contratos.
O termo é rejeitado pelo deputado porque é justamente um dos problemas investigados pela CPI na Petrobras: aditivos contratuais excessivos em algumas obras. Como o contrato é sigiloso, é impossível saber em detalhes o que está previsto no documento.
Além disso, ficou acordado que um representante da Kroll participará de uma sessão fechada da CPI no próximo dia 11 de junho, para esclarecer aos demais integrantes da comissão pontos do contrato.
A Folha de S.Paulo revelou no último sábado (23) que a Câmara ignorou um conflito de interesses para contratar a Kroll: a empresa já havia sido contratada antes pela Sete Brasil, empresa para construir sondas que é investigada pela CPI.
SEM POLÍTICOS
Os integrantes da CPI acordaram fazer uma sessão deliberativa em 11 de junho para votar novos requerimentos, dentre eles acareações entre os investigados e obtenção de informações junto ao sistema financeiro sobre remessa de recursos ao exterior.
A comissão quer atacar brechas que permitiram a lavagem de dinheiro por personagens do esquema da Petrobras.
Não houve, porém, consenso para convocar os políticos investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na Lava Jato e eles devem continuar de fora da mira da CPI. O presidente Hugo Motta disse que as convocações dos políticos estão na pauta, mas dificilmente o assunto deve chegar a ser apreciado pela comissão.
Houve protesto de parlamentares. “O problema é que a CPI está aprovando só o que é consenso e nunca será consenso convocar políticos”, afirmou a deputada Eliziane Gama (PPS-MA).
Motta disse acreditar que os políticos não iriam contribuir para as investigações da CPI, pois teriam o direito de ficar calados. “Não se pode transformar a CPI em Conselho de Ética”, afirmou.