A polarização na política brasileira trouxe ao menos um benefício para a sociedade: mostrou que é hora de decisão. O acirramento dos ânimos deve precipitar a condução de reformas que podem tanto abrir caminhos como cavar buracos. Se vamos superar ou aprofundar nossas dificuldades vai depender das decisões que fizermos. Os desafios são muitos, mas destacam-se nessa agenda reformista o combate à corrupção, o crescimento da economia, a redução da violência urbana e o fortalecimento da cidadania. Peço licença para incluir a educação no tabuleiro desse jogo.
A educação é o elo que agrega as diferentes opiniões e a engrenagem que dialoga com todos esses temas. Milhões de brasileiros marcharam de Norte a Sul do País para protestar contra a corrupção. Se esse processo for reduzido à arena da disputa política, os escândalos desvendados irão apenas servir para minar a confiança nas instituições e na democracia. Essa indignação, ao contrário, deveria ser capitalizada num processo pedagógico de fortalecimento da ética e de envolvimento da população no controle dos gastos e das políticas públicas.
A despeito dos debates recorrentes sobre a redução da maioridade penal, o fim do desarmamento e o endurecimento das penas, o fortalecimento das escolas como espaço para formação dos futuros cidadãos ajudaria a reduzir a enorme pressão que temos hoje para a construção de mais presídios e o aumento das forças policiais. Como bem disse o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, encurralado por protestos de algumas comunidades contra desvios praticados por forças das UPP, só a polícia não será suficiente para enfrentar o problema da violência.
A educação transforma e também nos une. A escola é o ambiente ideal para se construir uma nova identidade de um brasileiro mais engajado, comprometido com a ética e a defesa do interesse público. É o espaço da formação para a cidadania e para o diálogo. No Congresso Nacional, a frente que defende a educação reúne parlamentares de todo o espectro político. É a segunda frente parlamentar mais numerosa e só é rivalizada pela bancada da agropecuária no seu poder de mobilização e articulação.
A ideologização dos debates sempre nos consumiu energias preciosas e dificultou a capacidade de interpretarmos corretamente nossos problemas. Importa menos saber se a atual crise começou na política ou na economia, mas que as dificuldades atingem todos os setores e é preciso reagir com firmeza e inteligência. A crise nos expõe a uma série de riscos, mas também lança uma luz sobre uma imensidão de oportunidades. A educação é que vai iluminar esse caminho.

Alex Canziani, deputado federal pelo PTB do Paraná, é presidente da Frente Parlamentar da Educação no Congresso Nacional