SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A chanceler alemã, Angela Merkel, disse nesta sexta-feira (29) que buscará uma forma para que o Reino Unido continue na União Europeia (UE), em reunião com o primeiro-ministro britânico, David Cameron.
O encontro entre os dois é o último da viagem de Cameron para defender a reforma e a flexibilização do bloco europeu, dias após o Parlamento britânico abrir caminho para um referendo sobre a permanência no grupo, a ser realizado em 2017.
O Reino Unido defende maior flexibilidade econômica, ao mesmo tempo em que exige mais restrições à entrada de imigrantes de países mais novo no bloco, como os do Leste Europeu. A maioria dos países membros é contrária às barreiras.
Em tom conciliador, Merkel disse que o diálogo com britânico tem sido construtivo e amigável e que poderia também ser do interesse da Alemanha algumas mudanças na União Europeia.
“A Alemanha tem a forte esperança de que o Reino Unido continuará sendo membro da União Europeia. Quando há vontade, há um meio. Vamos entrar de forma construtiva nesses debates. Eu quero encontrar uma solução.”
Na mesma entrevista, Cameron disse que não há solução mágica para as reformas no bloco, mas que está confiante de que os 27 países membros possam encontrar uma solução em que se mantenha a participação do Reino Unido.
“A União Europeia mostrou antes que, quando um de seus membros tem um problema que precisa ser resolvido, ela pode ser suficientemente flexível e eu tenho confiança de que possa fazer isso de novo.”
OPOSIÇÃO
Na quinta (28), Cameron esteve na França e na Holanda. Em Paris, o presidente François Hollande também defendeu uma negociação com os britânicos e externou seu desejo de que permaneçam na União Europeia.
Horas depois, porém, o ministro das Relações Exteriores francês, Laurent Fabius, disse que a França é contra o Reino Unido ter um status especial dentro do bloco e se colocou pessoalmente contra o referendo.
“Acho este um processo bastante perigoso. Os britânicos se acostumaram a dizer que a Europa é uma coisa ruim e o risco é que, no dia em que eles são perguntados, eles também digam que a Europa é uma coisa ruim”.
A hostilidade à mudança também veio da Polônia, país de onde vem a maioria dos imigrantes do leste europeu que chegam ao território britânico e onde Cameron esteve antes de chegar a Berlim.
Logo após o encontro, a primeira-ministra do país, Ewa Kopacz, criticou qualquer medida que provoque a discriminação dos poloneses e de qualquer país do leste europeu.
“Queremos o Reino Unido na União Europeia, mas o interesse dos poloneses e de nossos cidadãos que moram no Reino Unido é importante”, disse o ministro das Relações Exteriores, Grzegorz Schetyna.
“Nós entendemos o ponto do Reino Unido, mas também há fundamentos da União Europeia nos quais foi forjada a Europa unida. Será um debate muito duro, mas muito firme do lado polonês”.