LULY ZONTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um piloto de Curitiba foi preso no Peru após ter o avião abatido pela Força Aérea peruana durante um voo particular. A suspeita é que a aeronave levasse drogas.
Asteclínio da Silva Ramos Neto, 28, ficou ferido e, depois de ser hospitalizado, foi transferido para um presídio na cidade de Satipo, no Peru.
Segundo o advogado dele, Rodrigo Faucz, nenhuma droga foi encontrada. O piloto estava na Bolívia, na casa de um amigo de Curitiba, quando um conhecido desse amigo o contratou para levar uma pessoa e buscar outra no Peru.
Ao cruzar a fronteira, no dia 15 de abril, a aeronave foi abatida por um helicóptero que fazia ronda em uma região de mata, ainda de acordo com Faucz. O advogado diz que o protocolo para abatimento de aeronaves não foi cumprido.
Segundo Faucz, Ramos foi atingido por um tiro no braço e outro no abdome, onde a bala ainda está alojada. O advogado diz que o Exército peruano socorreu o piloto e o passageiro, um colombiano cuja identidade é desconhecida.
Ambos foram levados a um hospital em Lima, onde seu cliente ficou em coma por uma semana e internado mais cinco dias. Em 14 de maio, foi transferido para um presídio em Satico, onde foi ouvido pelas autoridades.
O caso está sendo investigado pelas Forças Armadas do Peru.
Na próxima segunda (1º/5), Faucz terá uma reunião na embaixada brasileira em Lima. No dia seguinte, o advogado irá se encontrar com o defensor público do piloto e tentará colocar Ramos Neto em liberdade.
A mãe do piloto, que mora nos Estados Unidos, o acompanhará. Segundo o advogado, ela só conseguiu contato com o filho enquanto ele estava no hospital.
“É uma situação muito delicada. Nós não entendemos ainda o porquê de terem aberto fogo contra essa aeronave, sem protocolo ou registro em rádio ou vídeo e de terem efetuado a prisão se não foi encontrada nenhuma droga, tanto no avião, quanto com os tripulantes”, disse Faucz.
“Meu cliente é piloto desde 2013, trabalha com isso aqui em Curitiba e nunca se envolveu com qualquer situação ilícita. Não há nenhum registro. Ele já foi modelo e é bastante conhecido no setor de eventos.”
O advogado cita que em 2001 uma situação similar ocorreu no Peru, quando uma missionária americana que estava num voo particular com a filha morreu.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro, segundo Faucz, mandou um ofício ao governo peruano pedindo informações sobre o caso. Mas, de acordo com ele, ainda não obteve resposta
“Vamos precisar de um esforço do governo. Por mais que a embaixada esteja empenhada, o governo peruano não está empenhado em mostrar o protocolo de abatimento da aeronave. Há um documento de suspeita de associação ao tráfico, com a justificativa de o avião ter sido usado anteriormente para esse fim. Contudo, Asteclínio tinha autorização para o voo”, relata Faucz.
O advogado tentará trazer seu cliente de volta ao Brasil para tratamento médico e para responder ao processo em liberdade.
“Será um esforço bastante grande. O prazo de prisão preventiva no Peru é de nove meses prorrogáveis e eles não costumam liberar estrangeiros, apenas pessoas com residência comprovada no país”, afirmou.