SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O chefe da diplomacia americana, John Kerry, e seu equivalente iraniano, Mohammad Javad Zarif, encontraram-se neste sábado (30) em Genebra em um esforço de superar os últimos obstáculos para um acordo nuclear histórico, um mês antes do prazo final para o pacto entre Teerã e seis potências internacionais (Grã-Bretanha, França, Estados Unidos, Rússia, China e Alemanha).
Depois que as partes alcançaram um acordo provisório, em novembro de 2013, e um preliminar no dia 2 de abril, os negociadores têm até 30 de junho para levar adiante um texto completo e definitivo que sele o compromisso.
Interrogado por um jornalista sobre a possibilidade de assinar um acordo no prazo previsto, Zarif disse com um sorriso: “vamos tentar”. Kerry permaneceu calado. Os dois homens planejam debater durante todo o dia neste sábado e as negociações podem prosseguir neste domingo (31).
A pressão dos seis países por acesso internacional às dependências militares e aos especialistas nucleares iranianos é um dos temas espinhosos. Além disso, o Irã quer que as sanções sejam suspensas imediatamente após a assinatura do acordo, enquanto os outros países acreditam que isso deve ser feito em fases, à medida que Teerã cumpra a sua parte no contrato.
Pouco antes do início da reunião, Abbas Araghchi, um negociador de alto escalão iraniano, declarou que seu país “rejeita a inspeção das instalações militares” e a realização de interrogatórios com seus cientistas. As inspeções também são descartadas pelo guia supremo, Ali Khamenei.
No entanto, o próprio Araghchi havia dito há alguns dias que havia uma diferença entre ter acesso às instalações militares e realizar inspeções das mesmas.
A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), encarregada de aplicar um eventual acordo entre o Irã e as grandes potências, considera que deveria ter acesso a todas as instalações nucleares deste país, inclusive as militares.
Kerry e Zarif se encontraram por volta das 09h00 GMT (06h00 de Brasília) no palácio da cidade suíça, em um ambiente visivelmente relaxado diante da imprensa, cercados por suas delegações e da representante da UE (União Europeia), Helga Schmid.
Concluir um acordo final com o Irã é uma prioridade para o presidente americano, Barack Obama, e forma parte de um plano ambicioso para a reconciliação entre Washington e Teerã. O controverso programa nuclear é motivo de fortes tensões diplomáticas há mais de uma década.
O Irã nega qualquer ambição de desenvolver uma arma nuclear e afirma que o seu programa é puramente pacífico.