O piloto paranaense Asteclínio da Silva Ramos Neto, preso desde 15 de abril no Peru, não poderia voar se estivesse em território brasileiro. Ele está com a licença para voar e com o CMA, o Certificado Médico Aeronáutico, suspensos há quase um ano. O motivo, segundo a Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil, seria um pouso forçado em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, em maio do ano passado.

Na ocasião, Asteclínio tinha saído de um aeroporto particular da cidade para um voo com quatro paraquedistas. Após os passageiros saltarem, o piloto percebeu falhas no motor e fez um pouso de emergência em um campo de milho. Ninguém se feriu, mas para seguir com a licença ativa no Brasil, ele teria que renovar o CMA. Essa é uma exigência técnica e, como não foi cumprida, o paranaense ficou irregular e não poderia atuar na função no país.

Nesta terça-feira (2), a mãe e a defesa de Asteclínio estão no município peruano de Satipo, onde fica o presídio para o qual o brasileiro foi levado após receber alta médica. De acordo com o advogado Rodrigo Faucz, eles devem se reunir com autoridades locais ao longo do dia e também conversar pessoalmente com o piloto pela primeira vez.

Na segunda-feira (1º), o advogado e a mãe do piloto estiveram com o embaixador brasileiro no Peru, Carlos Teixeira. A ideia é conseguir que ele responda ao processo em liberdade. Entre os assuntos discutidos no encontro, segundo Faucz, estavam o estado de saúde de Asteclínio e a falta de informações por parte do governo peruano.

Asteclínio é piloto civil e estava na Bolívia porque pretende estudar medicina no país. Ele foi contratado para voar até o Peru e teria recebido o pagamento adiantado para isso. O paranaense levava um colombiano a bordo e pegaria um segundo passageiro na cidade de Satipo. No entanto, quando o avião pousou no local combinado, a pessoa não estava lá.
O piloto então decolou novamente, mas cerca de dois minutos depois foi abatido pelas Forças Armadas peruanas. O paranaense teve ferimentos no braço e abdômen e ficou três semanas em coma. O colombiano que estava com ele, que não teve o nome divulgado, também se machucou e também está preso.

Por meio de nota, o Itamaraty disse que está auxiliando o advogado e a família do brasileiro a se locomoverem no Peru. E também garante que vai fazer o possível para que a situação seja resolvida o quanto antes e que os direitos do piloto sejam resguardados. Para pilotar fora do Brasil, Asteclínio precisaria de autorizações emitidas pelos países sobrevoados. Ainda não há informação se ele tinha ou não permissão para voar sobre o Peru.