Muitos fatos marcaram negativamente a sociedade esportiva mundial. São historias de trapaças, agressões, dopings para aumento de desempenho, suborno, compra de resultados e casos de corrupção.
Um dos exemplos que podemos citar remonta do começo século passado. Foi nos Jogos Olímpicos de 1904, na cidade de Saint Louis (Estados Unidos), que Fred Lorz ficou conhecido. Cometeu um crime esportivo ao aceitar uma carona no carro de seu empresário por cerca de dez milhas, durante a maratona. Fato este que o fez ganhar a prova. Porém, a farsa foi descoberta, e o vencedor acabou sendo o segundo a cruzar a linha de chegada, Thomas Hicks.
Outro exemplo de trapaça foi descoberto nos Jogos Olímpicos de Montreal 1976. O pentatleta Russo Boris Onischenko foi flagrado com uma espada equipada com um botão na sua esgrima que lhe permitia acionar o sistema de pontuação eletrônica no momento em que quisesse.
Ben Johnson, o homem mais rápido ate então, foi campeão olímpico nos 100m rasos dos Jogos Olimpicos de Seul (1988), mas perdeu, 48 horas depois, a medalha de ouro, os recordes e a reputação, ao ser flagrado no mais conhecido caso de doping na história dos esportes em geral.
O futebol também mostra o seu poder de corromper as pessoas. A descoberta de uma máfia que fabricava resultados na loteria esportiva foi destaque na Revista Placar há mais de trinta anos. A matéria destrinchava a corrupção na fabricação de resultados no futebol nacional. Ao todo, foram descobertos 125 nomes envolvidos na trama. A denúncia veio em sintonia com escândalo de manipulação de resultados na Itália.

No ano 2000, o basquete paraolímpico espanhol chocou o mundo esportivo ao ter de devolver suas medalhas por utilizar jogadores sem a deficiência mental exigida para esta modalidade.
Também em Sidney, na Austrália, a ginástica artística entrou para a história negativamente. A atleta romena Andreaa Raducan conquistou uma medalha no salto sobre o cavalo, mas a perdeu por uso de doping. A substância ingerida estava contida em um remédio para resfriado, que Raducan tomara no dia anterior à competição; mesmo considerando que não houve má fé, a ginasta não teve sua medalha devolvida.
Em 2005 explodiu o escândalo da máfia do apito. Mais uma vez a imprensa denunciou um esquema de manipulação de resultados. Um grupo de investidores havia “negociado” com o arbitro Edilson Pereira de Carvalho (na época, do quadro da Fifa) para garantir resultados em que haviam apostado em sites. Descobriu-se a participação de um segundo árbitro no esquema, Paulo José Danelon. Ambos, Paulo José e Edilson, foram banidos do futebol.

Enfim, chegamos ao ano de 2010. Andrew Jennings, um jornalista investigativo escocês em uma lição de jornalismo contra a corrupção no futebol denunciou a existência de propinas milionárias para Ricardo Teixeira e João Havelange e desencadeou a queda do império do futebol mundial. Citou uma grande frase do barão da mídia Lorde Northcliff: “Notícia é tudo aquilo que alguém não quer que seja publicado. O resto é publicidade.”
Demorou, mas para quem pensava ser a Fifa um órgão inatingível, acima do bem e do mal, a maior entidade do futebol mundial está reduzida a pó. Os escândalos que apresentei anteriormente na história do esporte, perto da magnitude do que agora se investiga, podem ser considerados grãos de areia no deserto. Uma vergonha, a entidade que congrega muito mais países que a própria ONU ser considerada pelas autoridades: “Um ninho de ladrões”.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo