Não tenho conhecimento para dizer se em outras profissões também é assim, mas no mundo do futebol os técnicos já sabem que eles estão nos seus cargos sempre de forma interina. Nenhum deles pode bater no peito e falar: aqui é meu lugar e ninguém tira. O comum quando seus times entram em crise e não vencem nas competições é que eles estejam empregados em um dia e no outro estejam no olho da rua. Desta forma, todas as incompetências internas são descarregadas nas costas do treinador como forma de dar uma resposta para a torcida.

Não interessa o motivo e quais as razões fizeram o Coritiba mudar, se foram os números, desempenho, medo de cair para série B ou fazer média com a torcida. Entretanto, o torcedor coxa branca está eufórico com a chegada do técnico Ney Franco. Obviamente ainda tem em mente a primeira passagem do profissional pelo Couto Pereira.
Entendo que a troca se dá por dois motivos: em primeiro lugar pela péssima campanha que o time faz no inicio do brasileiro e pela surpreendente campanha que o seu rival Atlético Paranaense após a chegada do novo treinador. É inaceitável estar na zona de rebaixamento e seu rival liderando.

Como já era esperado, por ser praxe no futebol brasileiro, o que vale é o momento, são os resultados de campo que dizem se o técnico presta ou é incapaz. Assim, todo o trabalho feito pelo Marquinhos Santos no ano passado, salvando o Coritiba de ser rebaixado para a segunda divisão, agora foi descartado na lata do lixo.
Não vou entrar no mérito do trabalho realizado pelo Marquinhos Santos, ate porque não acho que o seu trabalho tenha sido de boa qualidade e não seria minha primeira opção, mesmo no ano passado. Já o critiquei varias vezes por discordar com algumas opções por ele adotadas, pela forma que se apresenta nas entrevistas e principalmente por expor em público alguns de seus jogadores.
Contudo, contratar um profissional, dar a ele a responsabilidade de tirar o time do buraco, oferecer-lhe uma possibilidade de realizar um trabalho em longo prazo e demiti-lo com cinco rodadas é uma profunda falta de inteligência, não apenas na hora da demissão, mas principalmente na contratação.

Há uma voz corrente no futebol atual que passa por planejamento. Em qualquer conversa de boleiros, o que se diz é que o sucesso de um time de futebol começa com a manutenção de um comando técnico. Senão vejamos a diferença de mentalidade dos nossos cartolas em relação ao escocês Alex Ferguson, treinador renomado que fez sucesso pelo Manchester United (Inglaterra). Ele foi conquistar o seu primeiro titulo depois de três anos de trabalho. Lá sim houve o chamado planejamento, o resto é tudo conversa fiada.
Marquinhos Santos pegou um time limitado no ano passado — aliás, faz tempo que o Coritiba produz elencos limitados. Ainda perdeu alguns de melhores jogadores, no caso Alex e Robinho, e as peças de reposição não deram resposta. Outros jogadores virão e agora poderão dar resultado com outro comando. E ai eu julgo ser uma tremenda injustiça com aquele que saiu.

Edilson de Souza é jornalista e sociólogo