É engraçado observarmos as polêmicas dos últimos dias envolvendo dia dos namorados e movimentos LGBT pelo país. Nitidamente está se dando maior importância para o ódio que para o amor.
Polêmicas geradas, fica a questão: o dia dos namorados não é uma celebração do amor? Ok, o assunto já está velho, no mundo moderno uma polêmica ultrapassa a outra em questão de horas e o assunto é esquecido. Mas o foco aqui não é a propaganda, é o motivo dela.
É sabido por todos que, historicamente, o afeto entre pessoas do mesmo sexo sempre existiu. Alexandre, por exemplo, grande conquistador de terras, tinha um amante do mesmo sexo. Na Grécia antiga, homens se relacionavam com outros homens enquanto na guerra. Isso não é invenção, é história. Então, por que com o passar do tempo, os homens foram ficando cada vez mais intolerantes ao invés de aprender com os próprios erros?
O sugerido boicote à marca de cosméticos O Boticário por um homem que se diz religioso só estampa ainda mais a bandeira do ódio. No dia dos namorados no Brasil, o costume é presentear a pessoa a quem se ama. E cada um tem o direito de amar a quem quiser. Uma religião, e um homem a frente dela, deveriam acima de tudo pregar o amor. Especialmente numa data como esta.
Mas aparentemente sua prioridade é pregar o ódio. Estimular um boicote absurdo e o preconceito. A propaganda em si não tinha nada de chocante, era muito mais discreta que muitas propagandas que mostram casais heterossexuais ou que colocam mulheres de biquíni vendendo cerveja (estas sim, ofensivas, inclusive à nossa inteligência).
Uma empresa tradicional como O Boticário jamais daria um passo em falso. Está sim, repetindo uma estratégia louvável de outras empresas nacionais e internacionais como Vale Fértil e Natura ou empresas internacionais como Coca Cola e Adidas. Uma estratégia de andar junto com seu tempo, de acompanhar um mundo em constante evolução. Casais do mesmo sexo são uma realidade que não pode ser ignorada.
Representar o amor entre dois homens ou duas mulheres parece ser de alguma forma ofensivo para estes religiosos. Propõem boicotes à novelas, marcas (quando lhes convém), estimulam o preconceito e o ódio a seus semelhantes quando deveriam estimular o amor ao próximo.
Numa época onde a celebração do amor deveria ser valorizada vemos muito este estímulo contrário, esta campanha preconceituosa. Num momento onde estas marcas devem ser aplaudidas e casais celebram seu amor, um líder religioso se coloca diante de seus súditos para pregar o contrário.
Falemos de amor, sejamos românticos, sejamos bregas, presenteemo-nos! Vamos sim, comprar o presente de nosso par para celebrar a data (e daí que é apenas uma data comercial? Todo mundo adora ganhar presente!), da marca que quisermos e seja nosso par quem bem entendermos. E vamos enviar a mensagem clara a plenos pulmões a estes religiosos: consideramos justa toda forma de amor.

Flávio St Jayme, jornalista e empresário, é sócio-proprietário da agência Clockwork Comunicação, mantém o site de entretenimento Pausa Dramática e tem formação em Pedagogia e História da Arte