Um fone de ouvido, usado como tocador de MP3, virou um acessório indispensável. Ele é usado nas viagens de ônibus, a pé e na prática esportiva. Seu uso ilimitado vem chamando a atenção de especialistas. Pesquisas que indicam que, se os jovens continuarem a ouvir música por longos períodos e em alto volume, eles correm o risco de ter perda auditiva após atingirem pouco mais de 20 anos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que 1,1 bilhão de jovens em todo o mundo correm o risco de sofrer perda auditiva devido à exposição ao barulho causada por esse hábito diário de ouvir música em altíssimos decibéis. Nos países desenvolvidos a situação é tão grave que mais de 43 milhões de pessoas entre 12 e 35 anos já sofrem de surdez incapacitante.

Um estudo da Associação de Consumidores Proteste mostra que adolescentes estão ouvindo música por longos períodos de tempo e em alto volume. Esse hábito, confirmado pelo estudo com 68 alunos de dois colégios em São Paulo, aponta para a tendência crescente de eles desenvolverem problemas irreversíveis de audição em um futuro iminente.   Outro  estudo britânico diz que seu uso indiscriminado pode acarretar problemas na audição – o seu uso contínuo por mais de oito horas todos os dias pode provocar surdez.

Para piorar o cenário, a maioria dos estudantes, de idade média de 15 anos, usa apenas um dos fones ou divide o outro com o amigo, exigindo, para ouvir música e manter um diálogo, que o volume seja ainda mais alto.

Dentre os problemas auditivos causados pelos fones está até a perda definitiva da audição. O volume considerado ideal é de no máximo 50 decibéis. No entanto, o estudo constatou que a maioria desses aparelhos alcança 100 decibéis, o que corresponde a dez decibéis acima do ruído produzido por uma britadeira. A constatação do estudo é que, quando chegarem aos 50 anos, em vez dos dos 60 ou 70 anos, as pessoas vão precisar de aparelhos de surdez.

O fone ideal, dizem os especialistas, são os maiores, que bloqueiam o som ambiente, evitando assim a necessidade de ouvir música em volume muito alto. Os menores, que ficam no interior do ouvido, não conseguem bloquear perfeitamente o som externo, exigindo que o volume seja aumentando e, assim, prejudicando a audição.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, 9,8 milhões de brasileiros apresentaram alguma deficiência auditiva. Conforme o senso, isso equivale a 5,2% da população. O parâmetro utilizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para discutir a questão tem outros ingredientes. A base de dados de 2011 aponta que 28 milhões de brasileiros possuem algum tipo de problema auditivo. Para a população do período do levantamento (190 milhões de brasileiros), o quadro aponta para 14,8% de incidências, dado muito próximo da estatística mundial. Conforme a mesma OMS, em 2013, 16% da população sofria com perda de audição.


NÍVEIS DE SEGURANÇA

– Som deve ficar abaixo de 80 dB; pausa deve ocorrer a cada hora
– A música nos fones de ouvido deve ficar dentro dos limites seguros e independentes de tempo de exposição
– Não ultrapasse de 50% a 60% do volume total do dispositivo, já que os fabricantes não informam o nível máximo de dB
– Não ouça música por muito tempo seguido e faça uma pausa a cada hora.
– Separe um dia para descansar os ouvidos


NÚMEROS

41% dos entrevistados costumam ouvir música com o volume entre 75% e 99%; 6% o deixam no máximo.
31% afirmam passar entre duas e quatro horas por dia com fones, e 13%, acima de oito horas.
70% dos alunos ouviam música com volume a partir de 86 dB, acima do limite seguro de 80 dB.
44% disseram não se preocupar com sua audição.