Neste seis de junho é comemorado o Dia Nacional do Teste do Pezinho. A triagem neonatal, mais conhecida como teste do pezinho, é um dos exames mais importantes feitos em recém-nascidos. Com algumas gotas de sangue colhidas do calcanhar do bebê, o teste permite diagnosticar precocemente várias doenças, entre metabólicas, congênitas e infecciosas. A triagem deve ser feita entre 48 horas até quatro dias de vida da criança, já que antes disso os resultados podem não ser muito precisos. O teste do pezinho chegou ao Brasil na década de 70 para identificar, inicialmente, a fenilcetonúria e o hipotireoidismo congênito e, desde então, outras doenças foram incluídas neste programa de triagem neonatal.

Segundo Fabiano Sandrini, endocrinologista integrante do corpo clínico do Laboratório Frischmann Aisengart, o hipotireoidismo congênito é uma doença que faz com que a glândula tireoide não seja capaz de produzir a quantidade adequada de hormônios tireoidianos, o que deixa os processos metabólicos mais lentos. O hipotireoidismo congênito é uma das principais causas de retardo mental. É importante que se faça o diagnóstico e o tratamento precocemente. Antes que a criança apresente sintomas. Se houver demora em iniciar o tratamento, isto pode resultar em prejuízos irreversíveis na desenvolvimento mental da criança, alerta o PhD em Endocrinologia Pediátrica.

De acordo com o Ministério da Saúde, no Brasil, o hipotireoidismo congênito tem incidência de aproximadamente 1 caso para cada 2,5 mil nascidos vivos. Nas regiões não deficientes em iodo, como é o caso do Brasil, as principais causas são: ectopia tireoidiana (em torno de 60%), agenesia tireoidiana (em torno de 15%) e deficiência na síntese hormonal (em torno de 15%).

Sandrini relata que o diagnóstico é feito com base na aferição do hormônio T4, em conjunto com o TSH, pois somente com ambos é que se pode identificar os casos de hipotireoidismo congênito central, que são mais raros, ocorrendo em cerca de 1:25 mil a 1:100 mil nascidos vivos. Para que seja determinada a etiologia do hipotireoidismo, que em torno de 90% das vezes é primária, isto é, defeito da tireoide, está indicada a realização de outros exames como ultrassonografia ou cintilografia da tireoide e que serão realizados mais tardiamente. A realização destes exames, no entanto, não deve retardar o início da terapia de reposição hormonal, ressalta o médico.

A determinação da causa do hipotireoidismo deve ser postergada para quando a suspensão da levotiroxina possa ser feita sem haver prejuízo para a criança, e a investigação complementada.

O especialista relata que os principais sintomas do hipotireoidismo congênito são hipotonia muscular, dificuldade respiratória, cianose, icterícia prolongada, constipação, hipotermia, bradicardia, anemia, sonolência excessiva, livedo reticularis, choro rouco, hérnia umbilical, alargamento de fontanelas, mixedema, sopro cardíaco, macroglossia, dificuldade na alimentação, deficiente crescimento ponderoestatural, atraso na dentição, retardo na maturação óssea, pele seca e sem elasticidade, atraso de desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental. As manifestações clínicas são, em sua maioria, tardias, devendo o diagnóstico precoce ser realizado através o teste do pezinho., afirma.

Sandrini alerta que o tratamento deve ser mantido por toda a vida. O tratamento do hipotireoidismo congênito leva à recuperação do ganho ponderoestatural e melhora do desenvolvimento neuropsicomotor. O objetivo é que a criança seja tratada antes de aparecer os sintomas. Os benefícios são maiores quando o tratamento é iniciado precocemente e com doses adequadas de levotiroxina, finaliza.

Fabiano Sandrini, endocrinologista do Laboratório Frischmann Aisengart, é quem fala sobre o tema