SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Milhares de taxistas bloquearam nesta quinta-feira (25) o acesso aos aeroportos de Paris em manifestação contra o aplicativo Uber, que abriga motoristas particulares que oferecem serviço de transportes de passageiros. A mobilização ocorreu em toda a França, mas foi na capital que houve a maior adesão e os maiores transtornos. Os motoristas fizeram barricadas para impedir a passagem aos terminais de Orly e Charles de Gaulle. Diante do protesto e do engarrafamento, passageiros tiveram que caminhar com malas pelas estradas para não perder seus voos. Além dos aeroportos, foi bloqueada a Gare du Nord, de onde partem trens para a Europa. Os taxistas consideram a concorrência com o aplicativo desleal. “Fomos obrigados a ter esta fase de radicalização”, explicou Abdel Ghalfim, taxista filiado à Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT). “Nós temos todos os inconvenientes, temos que pagar a licença, temos tarifas que são fixas e a proibição de acertar valores fechados”, explicou seu colega Fabrice Moreau. Alguns deles portavam barras de ferro e tacos para tentar atacar os carros que faziam transporte de passageiros sem autorização. A cantora americana Courtney Love disse no Twitter que o carro onde estava foi um dos alvos. “Eles fizeram uma emboscada no nosso carro e mantiveram nosso motorista refém. Eles estão batendo nos carros com barras de metal. Isto é a França? Estou mais segura em Bagdá”, disse, criticando em seguida o presidente francês, François Hollande. Diante do protesto, a concessionária Aéroports de Paris, que gerencia Orly e Charles de Gaulle, pediu aos usuários que fossem aos terminais aéreos de trem. Houve protestos também em Nice, Toulouse, Marselha e Bordeaux. PROIBIÇÃO Em resposta aos taxistas, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, ordenou à polícia que seja aprovado um decreto para proibir a atividade do Uber “para evitar transtornos à ordem pública”. Ele defendeu também que chefes de polícia e promotores façam uma operação para impedir a atividade dos usuários, considerando que o aplicativo não paga impostos nem oferece treinamento aos motoristas franceses. Para o porta-voz do Uber na França, Thomas Meister, Cazeneuve está violando o processo legal e retirando atribuições que deveriam ser da Justiça. “É a Justiça que tem que decidir se alguma coisa é legal ou ilegal”, disse. O aplicativo tem mais de 1 milhão de usuários na França, entre usuários e motoristas. Desde o ano passado, taxistas protestam contra a expansão do serviço e o governo tem buscado formas de proibi-lo. A revolta com o aplicativo levou a atos de violência. No último domingo (21), um homem foi agredido por taxistas em Lyon ao defender o Uber. Na agressão, ele sofreu três fraturas no queixo e quebrou o nariz.