LEANDRO COLON, ENVIADO ESPECIAL
ATENAS, GRÉCIA (FOLHAPRESS) – O plebiscito convocado de última hora pelo governo da Grécia sobre a negociação com credores não parece tão simples para quem vai votar a favor ou contra um acordo com a zona do euro.
Os gregos foram chamados no último fim de semana a decidir no domingo (5) se “aceitam” a proposta feita pelos credores: CE (Conselho Europeu), BCE (Banco Central Europeu) e FMI (Fundo Monetário Internacional).
Cerca de 10 milhões de pessoas vão responder à seguinte pergunta: “Deve ser aceito o acordo proposto e submetido por CE, BCE, FMI para o Eurogrupo no dia 25 de junho, que consiste em duas partes que formam sua proposta completa?”.
A cédula diz que o primeiro documento se chama “Reforma para conclusão do atual programa e além” e o segundo “análise preliminar de sustentabilidade da dívida”. Os eleitores poderão ter acesso aos documentos na hora da votação.
Diante da complexidade e do tempo curto, o plebiscito praticamente virou uma escolha entre quem quer permanecer e quem quem ficar na zona do euro.
“Eu não faço ideia do que sejam esses detalhes, para mim é ficar ou não na zona do euro. Vou votar a favor de um acordo, porque não ficou claro o que ocorre se eu votar pelo ‘não'”, diz Aggeliki Bakolia, 36, secretária.
Ela conversou com a reportagem enquanto sacava 60 euros de um caixa eletrônico no centro de Atenas, limite máximo permitido desde segunda (29), quando o governo impôs restrições bancárias para evitar fuga de capital após a crise pela falta de um acordo.
A entrevista foi interrompida por Evagelia Antonini, 33: “Você [reportagem] é repórter? Não espalhe pânico, porque essa fila [do caixa eletrônico] não é nada perto do que passamos nos últimos cinco anos”.
Ela também admitiu que vai votar sem conhecer detalhes das negociações entre a Grécia e os credores. Mas disse que optará pelo “não”, ou seja, a favor do rompimento com o bloco.
“Também desconheço os detalhes, mas eu acho que não temos nada a perder. O ‘sim’ já conhecemos: esses cinco anos que tivemos de desgraça”.
E continuou: “As pessoas estão reclamando do limite de 60 euros para saque. Mas quem tem 60 euros por dia para sacar tem muita sorte nesse país, porque a maioria não vive com mais de 800 euros por mês”.