AGUIRRE TALENTO BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Em meio à crise que enfrenta nos campos político e econômico, a avaliação negativa do governo Dilma Rousseff atingiu os piores níveis de um presidente eleito após o fim da ditadura militar, segundo os dados da pesquisa CNI-Ibope divulgada nesta quarta-feira (1º).

O percentual da população que considera o governo Dilma como ruim ou péssimo oscilou de 64% na última pesquisa, em março deste ano, para 68% na atual sondagem, enquanto a desaprovação de sua maneira de governar subiu de 78% na anterior para 83% nesta. O pior índice que um presidente havia atingido desde a redemocratização havia sido de 64% por José Sarney em julho de 1989 -o mesmo de Dilma na pesquisa CNI-Ibope anterior.

A pesquisa foi a campo entre os dias 18 a 21 de junho. Foram feitas 2.002 entrevistas em 141 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Os dados do levantamento CNI-Ibope demonstram a crise política e econômica em que a atual gestão está inserida, após aprovar um ajuste fiscal criticado por retirar direitos dos trabalhadores, sofrer sucessivas derrotas no Congresso e enfrentar denúncias de corrupção na Operação Lava Jato, que investiga irregularidades na Petrobras.

Levando em conta a série histórica das pesquisas CNI-Ibope desde o governo José Sarney (1985-1989), é a pior avaliação de governo desde o fim da ditadura militar. Na gestão Fernando Collor (1990-1992), que sofreu impeachment após denúncias de corrupção, a avaliação ruim ou péssimo chegou a 59% em agosto de 1992, pouco antes de ser afastado. Seu impeachment foi aprovado em setembro pela Câmara. Dilma iniciou seu mandato com uma avaliação ruim ou péssimo de 5%, pela pesquisa de março de 2011. Naquela ocasião, 56% consideravam seu governo ótimo ou bom. Agora, apenas 9% o consideram ótimo ou bom. Já a sua maneira de governar era aprovada por 73% em março de 2011, e agora só 15% a aprovam. Um dos dados que chama atenção na pesquisa é a lista de notícias sobre o governo lembradas pela população.

No topo, com 20% de citações, está a Operação Lava Jato e a corrupção na Petrobras, apontada nas investigações como uma forma de obter recursos para o PT, partido da presidente. O segundo assunto lembrado foram as mudanças na Previdência, com 16%, aprovadas em uma das medidas do ajuste fiscal da presidente que endureceu regras para a obtenção da pensão por morte. De modo geral, o panorama da gestão Dilma sobre assuntos específicos é todo desfavorável.

A desaprovação é maior que a aprovação em todas as áreas de atuação citadas pela pesquisa aos entrevistados, desde combate à fome e à pobreza até taxa de juros e combate à inflação.